segunda-feira, 28 de abril de 2008

Magnífico equívoco

Editorial da Folha de SP de hoje

O QÜIPROQUÓ dos gastos de reitores de universidades federais já levou à renúncia de Timothy Mulholland da UnB. Na Unifesp, Ulysses Fagundes Neto ainda permanece no cargo, mas aparenta enredar-se mais e mais com as explicações que oferece sobre despesas pagas com cartão corporativo. Não tanto por comprovarem elas malfeitos, em meio ao emaranhado de regras, mas sim porque escancaram uma mentalidade que constitui a raiz nutridora de tantos escândalos.
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Em dois anos, os dispêndios de Fagundes Neto totalizaram R$ 84,8 mil. Parte disso em compras pessoais no exterior: R$ 2.473 em lojas de grifes esportivas na Alemanha; R$ 1.411 em cerâmicas na Espanha; R$ 5.084 em produtos eletrônicos nos EUA; R$ 2.035 em malas na China...
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"Eu me equivoquei", constatou enfim o reitor, dois meses depois das primeiras denúncias. "Achava que era como uma diária, um dinheiro que você bota no bolso e não tem de explicar. Errei por falta de informação." No afã de demonstrar isenção, Fagundes Neto devolveu o valor total e anunciou que pedirá reembolso das despesas regulares.
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"Falta de informação" é a defesa padronizada dos apanhados com a fatura injustificável nas mãos. O problema estaria na opacidade das regras de uso dos cartões, de fato necessitadas de aperfeiçoamento, e não na conduta do portador. Há, no entanto, uma falha anterior: a noção de que verbas para viagens, ou de representação, compõem uma remuneração indireta, prebenda do cargo -"você bota no bolso e não tem de explicar". Eis aí um magnífico equívoco. O fato de ser disseminado a ponto de parecer um traço cultural não torna esse modo de pensar mais legítimo. Por princípio, todo uso de dinheiro público está vinculado a prestação de contas. Se um reitor desconhece isso, quanto mais não ignorará?

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Nota do Blog UnB Livre
Quantos mais "equívocos" vamos ficar sabendo da ex-administração Timothy nas próximas semanas ? Foi um equívoco nunca ter ouvido a opininão de pesquisadores-de-verdade sobre como gerir uma universidade ? Foi um equívoco Timothy ter sido reitor ?
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Uma pergunta que não quer calar:
O que a UnB vai fazer com as lixeiras de 1000 reias do apto. de super luxo da reitoria ? Eu pegaria cada uma dela e doaria para o Inst. de Artes - para que os estudantes e docentes possam usa-las como material de arte - quem saber fazer uma escultura (ou qualquer outra coisa) com elas ? O importante é que estes símbolos não sejam esquecidos.
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Errar é humano. Mas lixeiras de 1000 reais com dinheiro de pesquisa ...

Um comentário:

Anônimo disse...

Caros,
Estamos nos esquecendo do CESPE, por exemplo. Orgão tradicionalmente financiador das campanhas do Lauro e Timothy e que às vésperas das últimas eleições viveu uma devassa da PF por irregularidades em concursos...
Não sejamos ingênuos; ele continuará a patrocinar a próxima eleição de Reitor para manter tudo como estava...