quinta-feira, 24 de abril de 2008

Alexandre Lima, família e uma empresa suspeita (MI Management): mais escândalos

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Negócio em familia
CPI das ONGs quer quebrar sigilos de ex-diretor da UnB, acusado de favorecer parentes num esquema de tráfico de influência
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Correio Braziliense (24/04/2008)
por Renato Alves

O ex-diretor-executivo da Editora Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Lima não convenceu os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais (ONGs). Ele deixou a sessão de ontem, após quase quatro horas de depoimento, sob novas denúncias de desvio de recursos públicos. As mais fortes são supostos direcionamentos de contratos com empresas privadas e ONGs montadas por parentes dele e de funcionários da editora.

No interrogatório, Lima, que já responde a ações por enriquecimento ilícito e improbidade administrativa, admitiu que a mulher, o filho e amigos recebem dinheiro por convênios que ele coordenava (veja quadro, com detalhes, clicando aqui). Até então, os casos mais conhecidos de irregularidades envolvendo seu nome eram compras de nove canetas de luxo por R$ 9 mil e jantares caros com dinheiro que deveria ser destinado à assistência de povos indígenas, por meio de convênio entre a UnB e a Funasa, órgão do Ministério da Saúde.

Lima foi pego de surpresa por perguntas feitas pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), integrante da CPI. Com base em investigação do Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) sobre a UnB, Dias trouxe à tona o tráfico de influência para a montagem do que ele classificou como “verdadeiro esquema familiar” envolvendo contratos de convênios da universidade pública. O senador citou, entre outras denúncias, os repasses da Editora UnB de R$ 1,2 milhão à ONG dirigida por Maria Delzeni Ribeiro, que também atuava na editora como prestadora de serviços.

Álvaro Dias não poupou crítica à essas relações familiares. “Delzeni trabalha numa editora, tem ONG que recebe dinheiro da editora, tem uma filha que é sócia do filho de quem coordena a editora e que comanda processo de pagamentos da dona Delzeni, e que autoriza repasses a uma ONG laranja e outras ONGs”, ressaltou o tucano. Em seguida, ele afirmou que se trata de uma “conexão complexa, perigosa e promíscua”. “Tráfico de influência é muito pouco. É uma relação de promiscuidade, complexa, ampla, que envolve interesses familiares”, finalizou.

Quebra de sigilos
Outra revelação foi feita pelo senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA), também integrante da CPI. Ele afirmou que a Editora UnB pagou R$ 2 milhões, por “notório saber”, sem licitação, à empresa MI Management. Tal firma, segundo o parlamentar, tem três funcionários — dois auxiliares administrativos e um motorista. Alexandre Lima afirmou que a empresa trabalha com consultores associados. O senador considerou as respostas de Lima “evasivas”.

Também insatisfeito com as explicações, o senador José Agripino (DEM-RN) pediu a quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-dirigente da Editora UnB. O pedido foi reforçado por Álvaro Dias. Por falta de quórum, os requerimentos de quebra de sigilo e convocações não puderam ser votados. Elas estarão na pauta da próxima reunião da CPI, sem data marcada. Os parlamentares aprovaram ao fim da reunião requerimento pedindo cópias das auditorias feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério Público sobre a atuação da Editora UnB.

ENTENDA O CASO
DINHEIRO PARA DECORAÇÃO


O Ministério Público do DF começou a investigar os gastos da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Finatec) em agosto de 2007. A Finatec liberou R$ 470 mil para decoração do imóvel funcional ocupado pelo então reitor da UnB, Timothy Mulholland

Em janeiro, o MPDF entrou com ação na Justiça denunciando desvios dos objetivos da fundação, criada para promover o desenvolvimento científico, e pediu o afastamento dos cinco diretores. Em 15 de fevereiro, a Justiça afastou os diretores até sentença judicial definitiva

As denúncias de má gestão dos recursos públicos atingiram também a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico na Área de Saúde (Funsaúde). Há três semanas, o MPDF iniciou auditoria na Funsaúde para apurar gastos que podem ultrapassar R$ 65 mil em festas, canetas importadas Mont Blanc, televisores de LCD e passagens aéreas até para familiares do então diretor-executivo da Editora UnB, Alexandre Lima, responsável pelo convênio

Timothy e o decano de Administração, Érico Paulo Weidle, foram denunciados à Justiça Federal por improbidade administrativa. O reitor renunciou-se do cargo há 10 dias, um dia após o vice-reitor, Edgar Mamiya, tomar a mesma decisão

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Em tempo:
Leia mais sobre o depoimento do Alexandre Lima no blog CienciaBrasil (clique abaixo) e no Jornal de Brasília de hoje.
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UnB News: Alexandre Lima fala na CPI das ONGs e entrega ex-reitor
(blog Ciência Brasil - o blog do Marcelo Hermes)
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Jornal de Brasília
CPI das ONGs: Situação mais complicada
Ex-diretor de Editora UnB se depara com várias denúncias
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(clique aqui para ler a matéria)

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