terça-feira, 8 de abril de 2008

UnB reprime alunos: ação gera reação


Abaixo, na íntegra, o que saiu hoje no Correio:
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Universitários Radicalizam
Depois de enfrentar seguranças, cerca de mil pessoas ocupam os três andares da reitoria
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por Pablo Rebello e Adriana Bernardes
(da equipe do Correio)
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Socos, pontapés, empurrões marcaram mais uma reviravolta na ocupação da Reitoria da Universidade de Brasília (UnB) na tarde de ontem. Após decidirem em assembléia desobedecer à determinação da Polícia Federal para que deixassem o local às 15h, os manifestantes acampados no local desde quinta-feira passada receberam o apoio de mais de mil estudantes, que forçaram a liberação da rampa de acesso ao prédio. Lá estavam 60 seguranças da UnB, que tentaram deter o avanço dos jovens. Na confusão, sobraram violência e reclamações dos dois lados. Mas a superioridade numérica fez valer a vontade dos universitários e, ao final do dia, os três andares do prédio tinham sido tomados.
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Sete seguranças compareceram à Superintendência da Polícia Federal (PF), onde apresentaram queixas da violência que sofreram. Na reitoria, outros universitários reclamaram da truculência dos seguranças. Uma garota chegou a pegar o megafone de um manifestante para denunciar que tinha recebido pancadas e arranhões. Único estudante a prestar ocorrência policial até as 20h, Flávio Macedo, 21 anos, afirmou que 10 vigilantes o agrediram por ele ter se recusado a deixar a reitoria.
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O diretor de Segurança da UnB, Weglisson Medeiros Ferreira, explicou que retirou toda a vigilância do prédio após a nova invasão. Ele afirmou que a segurança auxiliou gentilmente o movimento até a decisão dos estudantes de avançarem rampa acima. “Não respondemos mais pelo controle da situação. A responsabilidade do que aconteceu é exclusiva das lideranças do movimento”, desabafou. Os sete seguranças que apresentaram queixa na PF passaram por exame de corpo delito no Instituto de Medicina Legal (IML).
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A reação da UnB à nova invasão foi imediata. Além de cortar novamente a água e a energia da reitoria, a instituição se manifestou em nota oficial, pedindo mais uma vez a desocupação do prédio. A nota destacou que, “frustradas as negociações, o assunto volta à esfera do Judiciário, que determinou a reintegração de posse das instalações”. O documento ainda reforça as tentativas de chegar a uma solução pacífica, com o religamento da luz e água no segundo dia de invasão, a pedido dos estudantes; a proibição da entrada da Polícia Militar na UnB; as quatro reuniões realizadas com o movimento estudantil; a convocação dupla do Conselho Universitário (Consuni) para tratar das reclamações dos manifestantes e um novo termo de compromisso apresentado ontem.
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Excessos
Os líderes da ocupação, por sua vez, negaram ter incentivado os participantes da assembléia a fazer uma nova invasão. “Tratou-se de uma atitude espontânea de quem estava lá embaixo. Estávamos ilhados e eles queriam reforçar o movimento”, explicou a estudante Catharina Lincoln, 20 anos. Ela afirmou que a decisão foi legitimada na assembléia e que os universitários continuavam preocupados em manter o movimento pacífico. “Não houve depredação de patrimônio público”, ressaltou.
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Em nota divulgada no início da noite, os líderes admitiram que houve excessos de ambas as partes na nova invasão. Eles pediram o religamento da energia e da água no prédio para garantir a segurança dos manifestantes e do patrimônio público. O grupo responsável pela ocupação espera conseguir apoio do Ministério da Educação (MEC) para intermediar as negociações com a UnB. Uma comissão de estudantes irá hoje ao MEC para discutir o assunto. Os estudantes ainda avisaram que não abrem mão da principal exigência do movimento: que o reitor Timothy Mulholland deixe o cargo.
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Desde fevereiro, o Ministério Público do Distrito Federal acusa a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) de ter financiado, com recursos públicos, a reforma do apartamento funcional ocupado pelo reitor, bem como a compra de móveis e utensílios domésticos para o imóvel. Segundo o MPDF, foram gastos R$ 470 mil. Nas contas da UnB, esse total é de R$ 350 mil.
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LICENÇA PARA TIMOTHY
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) propôs ontem, no plenário do Senado, que o reitor da UnB, Timothy Mulholland, se licencie por um prazo e submeta sua administração à análise de uma comissão que ele julga deve ser da própria comunidade. Cristovam sugeriu a criação de uma comissão para investigar a legitimidade, e não apenas a legalidade, dos atos do reitor, especialmente os referentes a gastos elevados com apartamento funcional. Em fevereiro, quando surgiram as denúncias de irregularidades na aplicação de recursos da Finatec — Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos —, inclusive na compra da mobília do apartamento de Timothy, Cristovam defendera a administração do reitor da UnB.
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Em Minas gerais...
O prédio da reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — câmpus de Belo Horizonte — foi invadido ontem à tarde por cerca de 300 estudantes. Vestidos de preto e com o nariz pintado de vermelho, eles exigiram a presença do reitor Ronaldo Tadêu Pena e explicações sobre a presença da PM no Instituto de Geociências (IGC) na noite de quinta-feira, quando alunos ficaram feridos e um foi detido em confronto com os soldados. Os policiais teriam sido chamados pela Divisão de Segurança Universitária (DSU), fato negado pelo reitor. Até o fechamento desta edição, os manifestantes permaneciam no prédio. O estopim da crise teria sido a tentativa de exibição, na noite de quinta-feira, do documentário Grass Maconha, na arena do prédio do IGC. Como a diretoria do instituto havia proibido a sessão, alguns seguranças teriam acionado a polícia.
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Correio Braziliense, 8 de abril de 2008
www2.correioweb.com.br/cbonline/cidades/pri_cid_194.htm?
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www2.correioweb.com.br/cbonline/cidades/pri_cid_208.htm?

Um comentário:

Anônimo disse...

Invadido?!