quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

As imagens de 2008



São mostradas em três partes. Algumas são chocantes e doloridas; outras são lindas. Veja aqui:
Parte 1
Parte 2
Parte 3

Este é o último post desse blog, que se encerra aqui. Muito obrigado aos leitores !

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

XDR - TB, a mais terrível das variantes de tuberculose


XDR-TB é a abreviatura da tuberculose extremamente resistente às drogas. Uma em cada três pessoas no mundo está com o germe dormente da TB. Qualquer doença crônica (HIV, hapatiite, etc), idade avançada ou o uso de substâncias que baixem a imunidade, pode tornar a bactéria ativa. O tratamento tradicional não funcona nesse tipo de infecção, devendo o paciente ser tratado com uma terapia diferenciada.
Um site, o XDRTB.org, se dedica a uma campanha mundial para o controle da doença. A doença depende de uma ação global, pois não atinge somente os países miseráveis. A doença pode estar ao seu lado. Clique no site e conheça a XDR-TB. A adesão à campanha é uma forma eficaz de deter a XDR-TB. No site há fotos dramáticas, como essa acima, de uma senhora indiana tomando a medicação diária e respirando oxigênio. As imagens são do jornalista James Nachtwey, um dos principais envolvidos na campanha.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Bolívia se torna livre do analfabetismo


Se conhecer é o caminho para a libertação, a Bolívia deu um passo gigantesco neste último sábado, dia 20 de dezembro. A Bolívia foi declarada livre do analfabetismo. A iniciativa foi uma ato conjunto com alfabetizadores de Cuba e Venezuela. Aliás, a Venezuela já havia sido alfabetizada há dois anos atrás com a ajuda de Cuba.
Um índio governando o segundo país mais pobre das Américas, catalisou essa proeza, essa dívida de 5 séculos de exploração e escravidão cultural.

Alguns fatos curiosos marcaram esse processo alfabetizador.
Primeiro, a alfabetização foi uma libertação feminina, porque em torno de 85% dos analfabetos do país eram mulheres.
Segundo, a alfabetização teve como meio auxiliar, 30 mil televisores e videocassetes por onde eram transmitidas as aulas, auxiliadas por facilitadores. Esses televisores foram doados por Cuba.
Terceiro: a Bolívia tem graves problemas de geração e distribuição de energia elétrica, apesar do excedente (exceente?) de gás. Onde não havia eletricidade, foram instalados geradores alimentados por painéis solares, doados por Cuba e Venezuela.

Os custos da empreitada: 36,7 milhões de dólares.
Tempo da campanha: 3 anos

Repercussão na história: 500 anos de atraso sendo realocados para a hodiernidade.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Um sapato contra 600 bilhões de dólares em violência, ganância e barbárie

Adolescente ferido no Iraque.
600 bilhões, hoje, 23 h de 18/12/2008 (fonte Zfacts).

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Banco Central mantem os juros em 13,75%



Claro. Não é ortodoxia ou teologia ortodoxa econômica. São mãos de seda que assinam a Ata do COPOM. Mãos lavadas com pó de pérolas. Nada melhor do que um momento de crise como esse para fomentar a dependência da produção, da administração do estado e do trabalho ao capital financeiro especulativo. A estagnação da economia é o vapor sulfuroso para necrosar um governo que sobrevive de suspiros. Prepare-se para a queda de um dos presidentes no Brasil: ou Henrique Meirelles ou Lula da Silva.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Futebol, do imponderável ao pragmatismo de resultados



O futebol é um esporte universal. Ainda falta muito para que se analise sob o ponto de vista sociológico, antropológico, sociobiológico e comportamental esse esporte que tem encantado o planeta terra. Correr atrás de uma bola, defender, tomar, fazer o gol, a vibração, o sentimento de pertencimento a um grupo, a uma tribo mesmo que efêmera e isolada no caos mundial, é arrebatador. Contaminante, uma febre de desejos, de aritmética, de geometria do impossível. De desejo por uma natureza surreal, uma aposta na quase impossível trajetória da bola, contrariando as leis comuns da física e da química. Futebol é a excepcionalidade da regra. A interface entre arte e ciência. Há um consenso de prazer tácito entre os que participam desse esporte, desde a faixa de Gaza ao subúrbio de Berlin; dos Palancas Negras de Angola ao campo do Utah Valley State College. O Brasil com seus milhares de times formais e milhões de times formados e desformados a cada hora, é o paradigma inigualável dessa contravenção ao ordenamento e ao sequenciamento cartesiano da tática e da estratégia.
Um encantamento assim não poderia ficar incólume ao mercado. Aliás, é o mercado que sustenta o espetáculo. As vezes o espetáculo é o mercado. Onde se vendem chuteiras, meais, calções, símbolos, flâmulas e jogadores. Onde se vendem e se compram reputações e regras morais.
A estranha (es)história de tentativa de suborno de um árbitro para o jogo decisivo do campeonato brasileiro de 2008, faz parte dessa feira de negócios, que geram milhões de patacas. E votos. Votos que foram computados quando o imponderável Ricardo Teixeira, presidente da Confedaração Brasileira de Futebol, fez uma jornada pelos gabinetes atapetados do Congresso Nacional, desconfigurando a CPI do futebol.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Um texto magnífico do filósofo Cristóvão Feil


"O velho Hegel cantou a pedra"

O real enfeitiçado

“O indivíduo está sujeito à completa desordem e aos riscos do todo. A massa da população está condenada ao trabalho embrutecedor, insalubre e inseguro das fábricas, manufaturas, minas, etc. Ramos inteiros da indústria, que sustentam largas faixas da população, entram subitamente em falência, seja porque a moda mudou, seja porque os valores de seus produtos caíram por conta de novas invenções em outros países, seja por qualquer outra razão. Massas inteiras são assim abandonadas à irremediável pobreza. O conflito entre a extrema riqueza e a maior pobreza, uma pobreza incapaz de melhorar sua situação, aumenta sempre. A riqueza…torna-se um poder predominante. Sua acumulação se processa em parte ao acaso, em parte através do modo geral de distribuição… O lucro desenvolve-se em um sistema multiforme que se ramifica por setores nos quais o pequeno negócio não pode lucrar. A máxima abstratividade do trabalho penetra nos tipos de trabalho mais individuais, e segue ampliando sua esfera. Esta desigualdade entre riqueza e pobreza, esta indigência e necessidade, tem como resultado a desintegração completa da vontade, a rebelião interna e o ódio”. (Hegel)
...
Assim, na modernidade do homem alienado, a consciência dos indivíduos está invertida, porque a própria realidade está invertida. A realidade do mundo das mercadorias é uma representação do real, não é o real. O real está enfeitiçado (fetichizado), reificado, transfigurado em representações subvertidas de sujeito e objeto. As mercadorias são sujeitos qualificados pelos homens, os homens são objetos quantificados pelas mercadorias. O homem sem qualidades, exaurido de humanidade, agora, não se humaniza, por que esbarra sem cessar na hostilidade dos objetos por ele próprio criados, mas que ele não os reconhece como seus. Há um objeto no meio do caminho da nossa humanidade. O nivelamento ético-moral dominante é uma metafórica sarjeta. O resultado dessa desumanização generalizada são os horrores do nosso cotidiano: a violência como reguladora da vida; a morte como normalização do conflito; a crescente fascistização das relações no trabalho, no trânsito, na vida urbana; o capitalismo de quadrilhas; a ciência que conspira contra a Natureza; a divinização do dinheiro; a dinheirização do corpo e dos afetos, etc., etc."

Vale a pena ler completo. É curto. Veja clicando aqui.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ação da cruz roja Argentina - o homem derretido



Um ativista alertando sobre o aquecimento global, distribui panfletos no centro de Buenos Aires. Genial! Veja mais clicando aqui, no blog Comunicadores.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Piadas em Wall Street

Wall Street responde a crisis financiera con bromas

16:00 | 02/ 12/ 2008

Nueva York, 2 de diciembre, RIA Novosti. La recesión que azota a Wall Street, otrora un símbolo del poderío financiero de EEUU y hoy en día principal culpable de la crisis global, se manifiesta estos días no sólo en la pérdida de billones de dólares y miles de empleos sino también en bromas y chistes que circulan de boca a boca, en chats o por correo electrónico.

Y aunque sea una manera de reír con lágrimas, genera mayores esperanzas de estabilización que las promesas gubernamentales.

"Fui a comprarme una tostadora y me regalaron un banco" es uno de los chistes más recurrentes hoy en EEUU donde quebraron más de 20 instituciones financieras en lo que va de año.

La drástica caída de las bolsas dio origen a otro chiste, el de un ejecutivo anciano intentando tranquilizar a los accionistas: "Hace 40 años, vendí 500 títulos de nuestra empresa y me compré una camioneta Ford de 1967. La semana pasada, vendí otros 500 títulos y otra vez pude adquirir una camioneta Ford del mismo año".

El mercado hipotecario fue la primera víctima de la crisis que se desencadenó en verano pasado. Desde entonces, los precios inmobiliarios cayeron en un 20% como promedio. Como resultado, urbanizaciones enteras en las zonas turísticas de Florida y California permanecen ahora sin un solo inquilino.

"Elimine el elemento que está de más en la siguiente cadena lógica: sífilis, herpes, sida, condominio en Miami. La respuesta es sífilis porque se cura", bromean a este respecto los inversores.

Publicado hoje (2/12/08) na agencia RIA Novosti. Mantivemos o idioma espanhol para não perder a originalidade.

Capitalismus

Genial. Baseada em um filme de Ernst Ingmar Bergman.

Daniel Dantas é condenado a 10 anos de prisão



Deu em toda a imprensa do país. Cara de sorte, esse Daniel. Já pensou se é na China?

Charge por Ique.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

400 reais para assistir Goiás X São Paulo no Bezerrão


400 reais. Querem aproveitar que saiu o décimo terceiro salário e é o jogo final dos sãopaulinos e gremistas, para assaltar o espectador. Os dirigentes do time do Goiás (que determinam o preço), camungam aquela velha e preconceituosa idéia: Brasília é cidade de fácil vida e de dinheiro fácil. A visão do colonizador do século XVII: vir, expoliar e voltar.
Preço de Bezerrão. Assim não dá. Ninguém vai. Boicote nesses exploradores!

sábado, 29 de novembro de 2008

IMAGÉTICA

Sem palavras.

Pode um acadêmico ser realmente livre? Ou pode um libertário ser acadêmico?


"Who wants to be an academic these days, and what do they do? All the smart people go and work for McKinsey, right? They’re all bankers or something. Who wants to come and waste seven, eight years of their life on their intellectual passion to be trained and prepared for a life as teacher in a university? I don’t want to sacrifice my professional probity, but most academics are not people who change the terms of academic debate; they are people who recycle and elaborate on the insights of others. That’s what most of us do. And if you’re not one of those people, if you have an original agenda of your own, it’s not always easy to get it recognized. It’s not always easy to work across disciplinary lines; it’s not always attractive to be an intellectual—and I don’t mean a public intellectual, but to be an intellectual rather than a scholar. Sometimes those things are pulled in different directions, and it would be silly to pretend that tension isn’t there."
Paul Gilroy em http://www.transitionmagazine.com/articles/shelby.htm

Censura de blogs


Blog e Censura na Itália e no Brasil: Dois Países um Problema


O texto é uma crítica à tentativa de institucionalizar a censura da livre manifestação do pensamento na internet. Foi escrita pelos blogueiros do blog IkaroBrasil. Lembrando que na Italia o comando está com o Sr. Berlusconi, um sujeito muito suspeito.

VAMOS PlANTAR ÁRVORES?



Não jogue no saco de lixo a semente. Enterre-a em algum lugar.

ENTERRE UMA SEMENTE POR DIA!

O ex-reitor pagará uma multa de 5 mil reais a CGU


A CGU condenou o ex-reitor Timothy Mulholland a pagar 5 mil reais por ter repassado verbas de cursos e matrículas direto da FUB para a FINATEC. Não poderia. Deveria ter sido depositado na conta do Tesouro Nacional. Cinco mil. Pouco para quem tem uma coleção de carros antigos. Vale o simbolismo da moralização.
A Diretoria da FINATEC, formada por docentes da UnB, com toda a assessoria dos seus contadores e advogados regiamente pagos, não poderia ter aceitado esse repasse da FUB. Ao contrário, deveria ter orientado a aplicação correta das verbas. Que falta de visão administrativa!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Santa Catarina sofre com a falta de ações preventivas

Foto do site G1.

Estamos todos impressionados com a destruição em Santa Catarina. Culpa-se a chuva e a ocupação antrópica desordenada de áreas de risco.
Os agentes do Estado são pagos para gerenciar, organizar e proteger os contribuintes; e administrar emergências. O Estado não pode gerenciar o clima. Pode e deve organizar a população e o espaço público. Preferiu apostar na sorte. Apostas com a vida das pessoas.

Podemos ajudar de várias formas a população daquele estado formoso. Uma delas, é passar algum tempo das férias de verão por lá. Viver a cultura e a natureza exuberante daquela região encantadora. Injetamos dinheiro na economia e acenamos com esperança de que as coisas vão melhorar.

Pergunta e memória


"Quem promoveu a mais ampla privatização da educação no Brasil?"
Emir Sader

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

HUB, uma ligeira visita e algumas impressões


Hoje estive no HUB. Fui acompanhar um paciente e na espera do atendimento fiquei rondando por lá. Não é um espaço que eu vá, mesmo que esporadicamente. Não quero ir, cemitério e hospital são dois locais que me trazem a lembrança do sofrimento. Mas deveria ir mais, me envolver mais com aquele espaço público de desafios entre o sofrimento e o linimento. Entre a dor e a esperança. Deveria me envolver mais como professor, servidor público e cidadão.

Estive por um par de horas. Pude constatar algumas mudanças, desde que estive lá há dois anos. Está mais limpo e mais organizado. Ainda vemos filas, mas há cadeiras e poltronas, velhas, consertadas, remendadas, que cumprem o papel de servir algum conforto ao paciente. Olhei no interior das salas dos atendentes e dos médicos; as cadeiras eram de igual ou de menor conforto do que as cadeiras dos pacientes. Algumas sem estofados serviam para os atendentes e para o médico. Lembrei agora de uma famosa cadeira na reitoria, mas deixa para lá. Observei as mesas austeras, com poucos adornos e sem ostentação.

Em uma sala um atendente mostrava orgulhoso um computador para uma colega, que havia conseguido de um outro setor. Um computador com Windows 98, da geração Pentium alguma-coisa. Ele estava orgulhoso por ter recuperado aquele aparelho e colocado a funcionar. No momento navegava na internet, sem nada mais urgente para fazer.

Estive somente no andar térreo, entre a unidade de EEG/ECG,a pediatria e o atendimento oncológico. Falei com atendentes, com porteiros, com seguranças e outros funcionários. Todos solícitos, formais e envolvidos em informar ou atarefados em seus ofícios. Não fiz comentários sobre a administração, apenas pedi informações.

Fui a dois banheiros. Não havia naquela hora da manhã papéis jogados e excrementos emersos nos vasos sanitários. Estão mais decentes, menos olorosos e funcionais.

Fiquei observando a arquitetura do prédio principal. As paredes externas e a decoração são austeras, frias, sem graça e sem energia. Não chegam a ser hostis, mas são cores e contrastes que velam pelo sofrimento. Não irradiam esperança.

Ao sair pensei que as coisas estão funcionando por lá. Essa foi uma impressão ligeira. Claro que há melhorias gigantescas a fazer e que minha rápida visita não permitiu aquilatar com mais profundidade. Na linha de mudança prometida pelo atual reitor, me questionei se o HUB precisa de uma administração colegiada, com maior participação de segmentos da sociedade. Para angariar mais fundos, apoiar mais pesquisas e mais ação médica e paramédica naquele espaço. Investir mais em saúde preventiva e menos curativa.

Verdade que há escassez de verbas no sistema de saúde no Brasil. Ou melhor, as verbas são desviadas. A mídia está dando destaque essa semana ao grave problema da FUNASA, denunciada inclusive pelo Ministro da Saúde. Que recebeu um puxão-de-orelha dos chefões do seu partido para não mexer nesse vespeiro ou nessa mina de ouro. Um jogo político que envolve toneladas de dinheiro, empurra parte desta verba para paraísos fiscais, fazendas e doleiros.

Foram só algumas impressões. Há muito que fazer, eu sei. De todas as impressões, uma sensação daquele ambiente está me inquietando. Parece haver falta de mulher na administração, na condução daquele espaço. Explico-me: parece haver falta de uma mão feminina, de decoração feminina, do arranjo feminino daquela espaço. Senti a falta disso. Não vi uma estética feminina. A sobriedade do ambiente me parece com a falta de um acolhimento materno. Falta uma estética feminina com mais cores, contrastes, flores, mais detalhe, mais vida, mais sorrisos iluminados que só as mulheres possuem. Talvez, mesmo com as dificuldades, o investimento em um ambiente mais feminino, pudesse diminuir o sofrimento e dar a esperança que só as mães, mulheres, podem dar à dor dos filhos e filhas. É isso, nesse momento, acho que falta um pouco mais de feminino no HUB.

Vanner Boere, Professor.

O texto não reflete necessariamente o pensamento do Coletivo UnB Livre.

domingo, 23 de novembro de 2008

Racismo, truco e etanol: a UnB na mídia



O Correio Braziliense publicou uma reportagem sobre um incidente de racismo que ocorreu na UnB na última semana. O incidente envolve dois estudantes afro-descendentes e um professor do Instituto de Geologia. O incidente ocorreu quando professor e alunos (alguns mais) jogavam truco regado a cerveja, dentro do Centro Acadêmico de Geologia. Desentendimeto no jogo levou a manifestações grosseiras que podem tipificar racismo do professor.
Como salientou a administração, o uso de bebidas alcóolicas nas depedencias da UnB é proibido. Aí já se tem um erro de todos. Outro problema refere-se ao truco ou ao carteado nas dependências da UnB. Houve aposta a dinheiro? Com ou sem apostas, não parece ser um esporte para ser tolerado como tal. Pode se dizer que é uma tradição e defender o carteado, o truco e outros jogos de mesa como uma manifestação cultural. Pensando melhor, é mais tradicional na Universidade que se estude, que se leia, que se troque idéias acadêmicas e que se pesquise nas horas preciosas que passamos na UnB. No espaço público UnB. Assim, para quem defende o "esporte" do carteado, poderíamos defender outros esportes ou atividades lúdicas: motocross, karaokê, arvorismo etc...você aceitaria?
E o racismo? Difícil decidir a intencionalidade sem avaliar o contexto. O episódio deve ser pedagógico para evitar que no calor da pendenga aflorem os sombrios monstros do preconceito.
A administração do Prof. JGS irá apurar os fatos. Que seja. Se houver punições, que sejam justas.

sábado, 22 de novembro de 2008

Você quer publicar uma hipótese da área médica?


Você sabia que tem um periódico científico onde é possivel publicar hipóteses, sem resultados empíricos, experimentais ou observacionais? Isto é possível no Medical Hypothesis. Você deve ter uma hipótese que é claro, deve possuir todas as características de uma boa hipótese.

Veja a apresentação introdutória dos objetivos do MH:
"Medical Hypotheses takes a deliberately different approach to review. Most contemporary practice tends to discriminate against radical ideas that conflict with current theory and practice. Medical Hypotheses will publish radical ideas, so long as they are coherent and clearly expressed. Furthermore, traditional peer review can oblige authors to distort their true views to satisfy referees, and so diminish authorial responsibility and accountability. In Medical Hypotheses, the authors' responsibility for the integrity, precision and accuracy of their work is paramount. The editor sees his role as a 'chooser', not a 'changer': choosing to publish what are judged to be the best papers from those submitted."
Veja alguns títulos de artigos:
Can insulin resistance be reversed by insulin therapy?
Li Zhao, Dongdong Sun, Feng Cao, Tao Yin, Haichang Wang
Dental implants with the periodontium: A new approach for the restoration of missing teeth

Cheng Lin, Qing-Shan Dong, Lei Wang, Jun-Rui Zhang, Li-An Wu, Bao-Lin Liu
Peaks of solar cycles affect the gender ratio
George E. Davis, Walter E. Lowell
Multiple sclerosis: Could it be an epigenetic disease?
Murat Kürtüncü, Erdem Tüzün
Regulation of K+ channels may enhance wound healing in the skin
Dawon Kang, Tae Hyun Choi, Kihwan Han, Daegu Son, Jun Hyung Kim, Sang-Hyon Kim, Jungbin Park


O MH é bem classificado quanto ao fator de impacto. Ao publicar você ainda receberá acesso para o site da rede mundial de hipóteses médicas, por um ano.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Como escrever para esse blog


Se você precisa escrever alguma coisa mais reservada, que não seja explícita nos comentários, pode enviar para Vanner (vannerboere@uol.com.br), que é quem está manejando os principais aspectos do blog nessa fase.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Prof. José Geraldo de Sousa Jr. e o Prof. João Batista de Sousa tomam posse na UnB


Coincidência ou não, guardando a devida proporção, Obama foi eleito nos EUA e o Prof. José Geraldo toma posse na UnB. Ambos inciam uma fase que é pós-aborto de uma politica desastrada, retrógrada e maléfica dos velhos dirigentes de suas respectivas áreas de atuação. Ambos suscitam a esperança de que haverá um espaço mais democrático para a cidadania. Não haverá uma grande mudança. Uma retomada da esperança é a pauta.

O Prof. José Geraldo é mais otimista. Disse o mestre em sua posse: “Os alunos souberam ser os tradutores dessa memória histórica porque não atuam por interesses individuais ou econômicos. Eles só se movem pelo horizonte da utopia. São a nossa razão de ser”. Um discurso audaz e cativante. Mas não se acredita mais em ilusionismo. Na realidade da instituição permeia o pragmatismo das relações de troca, de mercantilização do saber, dos clubinhos de excelência e das aulas de conveniência. Ouve-se muita reclamação de assédio moral que sustenta esta rede sociopatologica. Uma patologia social que precisa ser tratada com doses cavalares de democracia, participação e transparência. Aliás, esta última palavra foi adotada pela gestão do Prof. José Geraldo. Merece crédito, vejamos os resultados.
A posição do DCE é interessante: apoio crítico, com uma pauta de reivindicações (veja abaixo).

Pauta da Carta de Princípios elaborada pelo DCE:

1. Defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade e a serviço de uma sociedade mais justa;

2. Pela não implementação do Reuni (Decreto de Expansão do Governo Federal) até que haja amplo debate com toda a comunidade universitária. Expansão da UnB com recursos correspondentes, garantindo de forma qualitativa o tripé da universidade: pesquisa, ensino e extensão;

3. Pelo fim das fundações privadas nas universidades públicas;

4. Priorização da política de assistência estudantil, como dimensão importante do papel da universidade na manutenção do estudante, garantindo seus direitos;

5. Concurso público para contratação de professores e servidores técnico-administrativos de forma a suprir o atual déficit no quadro da UnB;

6. Pela paridade nas eleições para todos os cargos eletivos da universidade e na composição de todas as instâncias deliberativas da UnB;

7. Convocação do Congresso Estatuinte Paritário, para discussão do modelo estrutural de nossa universidade;

8.Pela construção imediata de um Restaurante Universitário no campus de Planaltina;

9. Pela ampliação dos horários de circulação do transporte interno e gratuito da UnB e que este faça o trajeto até a rodoviária;

10. Construção de novos prédios de moradia estudantil, e reforma dos prédios usados atualmente, preservando a dignidade dos moradores.

A falácia da anistia para os torturadores sob ótica do Direito Internacional


Urge repelir que a anistia vale tanto para torturados quanto para torturadores

Esquentam as mãos do ministro Eros Grau, no Supremo Tribunal Federal, dois processos que marcarão a cultura política e a imagem internacional do Brasil.

Como relator da ação em que a OAB questiona a interpretação da Lei de Anistia, Grau pediu vista dos pedidos argentino e uruguaio de extradição do general Manuel Cordero, um dos protagonistas da iniciativa supranacional de repressão política denominada Operação Condor.

Caberá, então, ao STF decidir não apenas sobre a possibilidade de julgar agentes públicos pelos crimes contra a humanidade praticados durante a ditadura militar brasileira, mas também exercer a espúria faculdade de impedir que países vizinhos façam o mesmo em relação aos seus acusados.

Num Brasil gravemente acometido de amnésia seletiva, o debate encontra-se turbado pela estapafúrdia tese do "vale para os dois lados" -isto é, rever a anistia dos militares implicaria necessariamente rever a dos subversivos, ditos "terroristas". Urge, portanto, repelir a idéia de que a anistia vale tanto para torturados quanto para torturadores.

Primeiro, pelo descalabro técnico.

Há quem reconheça como jurista só aquele que o defende. Porém, o direito aqui é cristalino. O Estado detém o monopólio da violência legítima. Dele apropriando-se ilegitimamente e agindo em seu nome, "autoridades" dispuseram de recursos estatais para promover sistematicamente a tortura, que resultou, em numerosos casos, na execução sumária, agravada pela ocultação de cadáver.
Depois, o poder estatal garantiu-lhes acordo leonino, pelo qual crimes comuns, entre eles o estupro, foram interpretados como se políticos fossem.

Ademais, quem se opõe à violação da ordem constitucional não é terrorista, é resistente. O direito à resistência é vigente no Brasil desde os anos 1950, por força do direito humanitário, que igualmente veda a tortura e a execução, mesmo durante a guerra.

Segundo, pela infâmia política.

Há quem defina como ideologia somente a dos outros. É o primeiro passo para criminalizá-la. Ora, nunca houve risco real de implantação de um regime comunista no Brasil. A ampla maioria dos cassados, torturados e desaparecidos jamais praticou qualquer violência. Contudo, impunes aves de rapina não cessam de difamá-los, argüindo que tiveram o que mereciam, como se as vítimas estivessem a jogar o queixo contra os punhos dos algozes. Diante de tal (in)cultura, não surpreende que, na atualidade, jovens favelados já nasçam suspeitos, esgueirando-se nas ruas diante dos temidos agentes do Estado.

É preciso também refutar o enganoso argumento da prescrição.

Farta e unânime jurisprudência internacional, inclusive da Corte Interamericana de Direitos Humanos, cuja jurisdição é aceita pelo Brasil, sustenta a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade. Não se trata de imposição, eis que o direito internacional consiste justamente no exercício da soberania nacional em foro externo. Construído pelo consenso entre as nações, aplicá-lo é tarefa constitucional de cada Estado.

Contudo, orgulhoso por sua retumbante inserção comercial internacional, o Brasil está cada vez mais isolado do mundo no que tange à memória e à justiça. Cumpridor do direito do comércio, o país ainda engatinha quanto à aplicação do direito internacional dos direitos humanos.
Uma recente audiência pública da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e o anúncio de que uma vítima de Cordero levará o Brasil à corte interamericana auspiciam que a responsabilidade internacional do Estado poderá ser invocada em caso de omissão. Por outro lado, por força do princípio da jurisdição penal universal, outros países já deflagraram ações contra torturadores brasileiros.

Apesar de tudo, o governo brasileiro está dividido. No julgamento da ação bravamente movida pelo Ministério Público Federal contra o general Ustra, a atuação da Advocacia Geral da União foi constrangedora.

Os políticos favoráveis ao julgamento levam a pecha de revanchistas.

Seria também revanche o sentimento a mover os 400 juristas que assinaram o manifesto em prol do debate público nacional sobre a Lei de Anistia, lançado em 28/8/08, no pátio da Faculdade de Direito da USP? E as 3.500 pessoas de 38 diferentes países que se somaram à Campanha Internacional pela Extradição de Cordero?

No programa para crianças que anima na rádio Justiça ("Aprendendo Direitinho"), o ministro Eros apresenta-se como vovô Grau. Em breve, ele terá de contar aos netinhos-ouvintes uma história sobre terríveis condores, disfarçados de cordeiros e passarinhos. Que seja bem contada e sem páginas arrancadas, que a trama não se passe numa ilha e que, ao final, prevaleça a justiça.

Profa. Deisy Ventura, do Instituto de Relações Internacionais da USP. Fonte: Folha de Sâo Paulo (19/11/08).

terça-feira, 11 de novembro de 2008

VAMOS PLANTAR ÁRVORES?


Não jogue no saco de lixo a semente. Enterre-a em algum lugar.

ENTERRE UMA SEMENTE POR DIA!

Licença-maternidade de 6 meses é direito da mãe e da criança e é direito conceder


O Senado Federal adotou na esfera do poder público a licença-maternidade de seis meses para o seu quadro funcional (veja aqui matéria do Correio Braziliense). Em outros órgãos, inclusive na UnB, essa matéria não está regulamentada e há setores com franca oposição ao período de seis meses. O principal argumento é o custo para a instituição, para empresa.
Se houvesse um aprimoramento moral mais apurado esssa polêmica estaria superada.
Menos ignorância sobre os efeitos benéficos da relação mãe-filho nos primeiros meses já seria suficiente para defender a licença de seis meses. Nesse período ainda ocorre uma organização de padrões anatômicos neurais que podem ser determinantes para a funcionalidade do cérebro na vida adulta. Experimentos com roedores e primtas demonstram claramente que uma relação pobre entre mãe e filho na primeira fase pós-nascimento pode ocasionar mudança permanente de padrões químicos cerebrais, deficiência na resposta comportamental adaptativa e na capacidade cognitiva.
Não há razões para duvidar que o mesmo acontece com humanos. O maior tempo de contato qualificado por um ambiente tranquilo e prazeroso do lar, pode ajudar muito no desenvolvimento da criança. A mãe se beneficia ao expressar um comportamento que lhe dá segurança para retomar a rotina de trabalho mais tarde.
A licença-maternidade é um dos caminhos para uma população mais feliz.
A UnB deveria adotar medida idêntica.
ADUnB e Asfub: essa é uma justa causa. Professor J. G. Sousa e Dr Médico Sousa: a licença maternidade de seis meses é justa e humana.

sábado, 8 de novembro de 2008

Atentado a laboratório de biocências na USP


A Jornalista Mônica Bérgamo informou na Folha de São Paulo, que houve uma invasão anteontem em um laboratório do Instituto de Biociências da USP que resultou em destruição de aparelhos de pesquisa e de computadores. Material biológico (não informado qual) foi espalhado no laboratório. Como não houve furto, o caso vem sendo tratado como atentado.
Os invasores fizeram pichações assinando ALF (Animal Liberation Front) mas no site da entiade não há confirmação. O diretor do Instituto de Biociências, Wellington Delitti, não responsabiliza francamente a entidade pois o atentado pode ter outra motivação. Delliti afirmou que vandalismos semelhantes são comuns na USP.

A foto acima é meramente ilustrativa e não se relaciona ao fato.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ensino obrigatório poderá ser de 14 anos


"O ministro da Educação, Fernando Haddad, encaminhou ao Palácio do Planalto na terça-feira, 28, uma proposta de mudança no tempo mínimo de ensino obrigatório, dos atuais nove anos para 14 anos. De acordo com a proposta, enviada por meio de uma nota técnica, as crianças teriam de ser matriculadas na escola aos quatro anos de idade e permanecer até os 17, pelo menos. Esse período abrange a pré-escola (quatro e cinco anos), ensino fundamental (seis a 14) e ensino médio (15 a 17). Hoje, a obrigatoriedade é apenas para o ensino fundamental."

Uma boa iniciativa! Pode não ser tão eficiente como se almeja, mas é muito melhor do que está. Gol do MEC.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Maradona é o novo técnico de futebol da Argentina


Será a consagração do mito ou o início de uma longa série de milongas e tangos nostálgicos. Se D. Diego colocar a Argentina no pódio como a maior força do futebol na próxima COPA, então será a ruptura total da vieja Argentina de Perón, Evita, Galtieri e Videla.

Será que assim, a Argentina mitológica cederá a uma Argentina estratégica, de espaços vazios e ricos, abraçada na Antártica e definindo o futuro do equilíbrio geopolítico mundial?

Tem mais: Presidente Diego Armando Maradona não seria mais um anátema político.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A CCJ aprova a admissibilidade da PEC 277/08



A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou hoje a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 277/08, do Senado, que aumenta os recursos orçamentários federais vinculados à Educação. A PEC reduz anualmente em três anos (de 20% para zero) o percentual da Desvinculação de Receitas da União que incide sobre os recursos destinados à área. Estima-se que haverá em 2011 um adicionalde 7,5 bilhões de reais para a educação.

Há um caminho longo para a PEC ser aprovada. Já é um bom começo.

Fonte: Portal da Câmara dos Deputados.

Personagens inesquecíveis que foram esquecidos


Sentiu um arrepio de repulsa ou de arrependimento? Ou foi nostalgia? Se você não sentiu nada, não tem problema. A maior parte do mundo não sabe quem foi esse personagem. Mas deveria. Clique no nome e terás um resumé.



Nossa nova sessão. Aqueles que pareciam eternos de tanto a mídia ou parte dela falar mas que foram abduzidos da história.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Aos blog-leitores


Nós não vamos parar esse blog.
Nós abrimos esse espaço a qualquer comentário cultural, político, científico, atemporal ou hodierno. Nossos e de todas as mentes inquietas e amorosas; de amor à vida, à liberdade, ao outro. Aceitamos lenitivos para a mente na forma de textos, fotos e vídeos. Aqui nos libertamos e propomos buscar um mundo libertário. Aqui há diferenças. Aqui se quer a paz. Aqui se quer a convivência. Aqui se quer justiça. Aqui se quer alegria, amizade e grandeza nos gestos. Aqui é a vala dos tiranos, a tumba dos déspotas, o ocaso dos verdugos. Aqui vivem iconoclastas. Aqui mora a perseverância. Aqui se faz um naturismo virtual: despimo-nos dos preconceitos, das fórmulas prontas, do jargão utilitário, do compromisso de compadrio, da dissimulação dos títulos e do fetichismo do consumo.

Agradecemos a sua presença nessa oca, nesse blog, nessa tribo.

Efeitos colaterais da crise financeira mundial sobre a alocação dos docentes no REUNI

Humor.

Você conhece o Journal of Negative Results?




O Journal of Negative Results in Biomedicine é um periódico que publica artigos com resultados inesperados, controversos ou provocativos. Tem um impacto de 1,38. A ligação pode ser feita clicando aqui http://www.jnrbm.com/. O acesso é aberto.
Veja alguns exemplos de artigos:

Susanne Brummelte et al.,2008. Environmental enrichment has no effect on the development of dopaminergic and GABAergic fibers during methylphenidate treatment of early traumatized gerbils.

Ulla Svantesson et al., 2007. Body composition in male elite athletes, comparison of bioelectrical impedance spectroscopy with dual energy X-ray absorptiometry.

Uffe Laessoe et al., 2007. Fall risk in an active elderly population – can it be assessed?

domingo, 26 de outubro de 2008

A entrevista do economista, Prof. Titular da USP, LUIZ GONZAGA BELLUZZO é o olhar em terra de cegos




“Cortar gasto público? Foi essa receita que empurrou a Alemanha para o nazismo em 1933”. LUIZ GONZAGA BELLUZZO concedeu entrevista à Carta Maior. Imperdível: sereno, claro e sem preconceitos, o Professor Belluzzo desvela a crise (que ainda chegará na sua despensa ou no seu cotidiano acadêmico).

Seria uma das vítimas da crise o REUNI no atual formato?
Estima-se a perda de investimentos de 40 bilhões no ano que vem no Brasil. A crise poderá piorar.
Corta-se gastos no que se tem ou no que ainda poderá vir?
Uma vez implantado, pode se voltar atrás nos compromisos assumidos com os segmentos acadêmicos? Pode se voltar atrás nos compromissos com a sociedade extra-classe e extra-lab?
Você confia no Presidente do Banco Central e no Ministro da Fazenda?


Novos Reitor e Vice-reitor da UnB foram nomeados


O Prof. José Geraldo de Sousa Júnior e o Prof. João Batista de Sousa foram nomeados pelo Presidente da República (veja aqui).

A propósito, dois Sousas na direção máxima da UnB, na reitoria.

Coincidência, nepotismo ou cabala?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

ADUnB faz denúncia pública contra o Correio Braziliense


A ADUnB sob nova direção, denunciou em nota pública a atitude do Correio Braziliense em não aceitar uma matéria considerada como "matéria de opinião", sobre o dia do professor (veja aqui).

A "denúncia" tenta criar um clima de animosidade contra o veículo de informação. Não há a versão do CB a respeito do fato. Segundo a ADUnB sob nova direção a recusa do CB foi uma "censura econômica". Para quem não entende o que é censura econômica, é aquela forma de exclusão que se faz contra a maioria dos professores da UnB nas gestões passadas tenebrosas, excluindo-os da evolução acadêmica e das oportunidades, por não gerarem dividendos com suas atividades acadêmicas, à determinadas instâncias. Ou que se opuseram aos desmandos naUnB.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A crise financeira mundial e a nossa conta


A mídia martela incessantemente que não se sabe a extensão da crise. Os especialistas não param de falar que o Brasil não sairá incólume. A ênfase e a repetição da ladainha é tão intensa que está se tornando um barulho de fundo, que está ali mas que já faz parte do nosso cotidiano.

Parece que esperam ouvir de nós: "sim, está certo, a crise será grande. Aceitamos que a crise será terrível, que haverá escassez de crédito, que virão piores dias pela frente etc. Está certo, estamos convencidos para passar o pior."

Depois de estarmos convencidos, será mais fácil uma ação política para debitar a conta na nossa despensa, na redução do nosso lazer, na piora da qualidade da educação dos nossos filhos, no adiamento da reforma da casa, no adiamento daquele filho planejado, na aquisição daquele livro...

E os donos da banca? Eles terão as suas parcelas de prejuízo na crise. Alguns trocarão as amantes, outros de marina.

Pelo menos a crise serviu para reduzir os custos do combustível para as aeronaves, o que vai permitir que os maganos fujam desse estresse para Las Vegas ou Dubai. Em seus próprios learjets.

domingo, 19 de outubro de 2008

IMAGÉTICA

Foto de autor desconhecido tomada durante a marcha dos SEM (veja nesse blog), na semana passada. Professora Marli Helena Kümpel da Silva, Diretora do Núcleo de Erechim do CPERS (Sindicato dos professores de escolas do ensino básico e secundários do Rio Grande do Sul), ferida pela explosão de uma "bomba de efeito moral". Houve fratura exposta na perna.

Há dor no teu rosto lívido. Não é a dor física de chorar, de olhar o ferimento, de lamentar o sangue empapado.

É uma dor das piores, daquelas que não se descreve e nem o choro resolve.

Há a dor da incompreensão no teu olhar focado no grupo de policiais. Uma dor de sonho desfeito, dor de ultraje. Dor de mulher, de mãe, de geradora que nutriu os desejos de saber das crianças, de contar até dez nos dedinhos, até cem...até não sei quanto de tantos sonhos que nos concedeu a todos, crianças quando fomos...dor de criança que foi um dia. Desencantada, não entende como podem tratar com tanto desprezo aquela que tentou educar a mão para o acolhimento. A mesma mão que lhe bate.

sábado, 18 de outubro de 2008

Frei Leonardo Boff é proibido de falar em evento hoje em Brasília


Notícia veiculada no blog do jornalista Ricardo Noblat:

"Diocese de Brasília proibe palestra de Leonardo Boff

A Diocese de Brasília proibiu o ex-frade Leonardo Boff de fazer uma palestra, no fim desta tarde, durante o encontro chamado "Cebração Latino-americana e Caribenha - 800 anos de Carisma de São Francisco", que reúne cerca de 1.200 pessoas entre religiosos e leigos de nove países.

O encontro foi aberto ontem à tarde no Colégio Santo Antônio e será encerrado amanhã com uma caminhada até o Palácio do Planalto. Ali, os organizadores do encontro entregarão ao vice-presidente da República José Alencar o documento "Carta aos Governantes".

O veto à palestra de Boff foi anunciado por ele mesmo por meio de uma carta lida há pouco. Boff não revelou as razões do veto. E não compareceu ao encontro."

Pensar e falar livre é um pesadelo para algumas instituições.



PALAVRAS ESQUECIDAS


INCÚRIA

Desleixo, negligência.
Exemplos:
1. O processo não pode ser concluído por incúria do relator.
2. A causa do naufrágio foi a incúria de quem pilotava o barco.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Diretor do Cespe/UnB, Prof. Joaquim José Soares Neto, concedeu entrevista


O Prof. Soares Neto afirma que estão sendo tomadas as devidas providências para sanar as irregularidades do Cespe. O pessoal suspeito foi afastado pela reitoria pro-tempore. Está no Correio Braziliense de hoje (sexta-feira). Vale a pena conferir na versão impressa.
Esperemos o desfecho.

Porque os filmes policiais não terão mais sucesso no Brasil


O teatro cotidiano do Brasil não tem igual. Somos os melhores em termos de crimes urbanos e rurais, considerando países que não estão oficialmente em guerra. Com a vantagem da interatividade inclusiva. Ou seja, a qualquer momento você se vê participando de uma peça. Ontem mais uma barbárie. Trinta projéteis no mínimo terminaram com a vida de um diretor de presídio de segurança máxima no Rio de Janeiro, em plena Av. Brasil. Veja aqui.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Polícia Militar do RS está contaminada pela truculência e pelo desrespeito aos movimentos populares


A mídia dá pouco destaque. A história da Polícia Militar do RS está sendo manchada por uma dupla de governo. A imponente (que impõe mas não se impõe) governadora Yeda Crusius (PSDB), filhotinha enjeitada na política nacional e filha de um partido moribundo, manda bater no povo que deveria proteger. A seu comando e agindo com a lógica de um lobotomizado, está um tal de coronel Paulo Roberto Mendes. O tal coroné faz juz a história gaúcha das charqueadas do século XIX, mantendo em conserva a turba, com sapecadas e sal. Mendes é um ente de tradição, cujas raízes estão na Espanha de 1939.

A marcha dos Sem, uma reunião de vários movimentos populares, fazia uma marcha de protesto em Porto Alegre (RS), que se dirigia ao palácio do governo. Eis que no caminho os policiais, devidamente fustigados pelo preconceito de seu comandante, açoitaram, bateram, quebraram, lançaram bombas de efeito moral e apontaram armas para as pessoas. A manifestação pacífica garantida na Carta Magna, virou palco de atrocidades, de pisoteio dos coturnos na democracia.

A tática utilizada não é inédita; faz parte do manual de sobrevivência do coroné Mendes: bater antes, explicar (se necessário) depois. São vários os episódios desse tipo no des-governo de Yeda. As vítimas preferidas são as pessoas que formam o movimento do campo pela reforma agrária. Em um estado em que as terras estão cada vez mais depauperadas e caras, o agrobusiness aconchavou-se com a política da porretada. Próprio de quem tem apenas um argumento.


O lixo da história os aguarda.

Soberania alimentar e a agricultura


JOÃO PEDRO STEDILE e TOMÁS BALDUINO

Atualmente, não mais do que 30 conglomerados transnacionais controlam toda a produção e o comércio agrícola mundial

EM 1960 , havia 80 milhões de seres humanos que passavam fome em todo o mundo. Um escândalo! Naquela época, Josué de Castro, que agora completaria 100 anos, marcava posição com suas teses, defendendo que a fome era conseqüência das relações sociais, não resultado de problemas climáticos ou da fertilidade do solo.

O capital, com as suas empresas transnacionais e o seu governo imperial dos Estados Unidos, procurou dar uma resposta ao problema: criou a chamada Revolução Verde. Ela foi uma grande campanha de propaganda para justificar à sociedade que bastava "modernizar" a agricultura, com uso intensivo de máquinas, fertilizantes químicos e venenos. Com isso, a produção aumentaria, e a humanidade acabaria com a fome.

Passaram-se 50 anos, a produtividade física por hectare aumentou muito e a produção total quadruplicou em nível mundial. Mas as empresas transnacionais tomaram conta da agricultura com suas máquinas, venenos e fertilizantes químicos. Ganharam muito dinheiro, acumularam bastante capital e, com isso, houve uma concentração e centralização das empresas. Atualmente, não mais do que 30 conglomerados transnacionais controlam toda a produção e comércio agrícola.

Quais foram os resultados sociais?

Os seres humanos que passam fome aumentaram de 80 milhões para 800 milhões. Só nos últimos dois anos, em função da substituição da produção de alimentos por agrocombustíveis, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), aumentou em mais 80 milhões o número de famintos. Ou seja, agora são 880 milhões.

Nunca a propriedade da terra esteve tão concentrada e houve tantos migrantes camponeses saindo do interior e indo para as metrópoles e mudando de países pobres para a Europa e os Estados Unidos. Somente neste ano, a Europa prendeu e extraditou 200 mil imigrantes africanos, a maioria camponeses. Há oito milhões de trabalhadores agrícolas mexicanos nos Estados Unidos. Setenta países do hemisfério sul não conseguem mais alimentar seus povos e estão totalmente dependentes de importações agrícolas. Perderam a auto-suficiência alimentar, perderam sua autonomia política e econômica.

O pior é que, em todos os países do mundo, os alimentos chegam aos supermercados cada vez mais envenenados pelo elevado uso de agrotóxicos, provocando enfermidades, alterando a biodiversidade e causando o aquecimento global. Isso acontece porque as empresas transnacionais padronizaram os alimentos para ganhar em escala e lucros. Os alimentos devem ser produzidos de acordo com a natureza, com a energia do habitat.

A comida não pode ser padronizada, uma vez que faz parte de nossa cultura e de nossos hábitos. Diante disso, qual é a saída? O Estado, em nome da sociedade, deve desenvolver políticas públicas para proteger a agricultura, priorizando a produção de alimentos. Cada município, região e povo precisa produzir seus próprios alimentos, que devem ser sadios e para todos. Assim nos ensina toda a historia da humanidade. A lógica do comércio e intercâmbio dos alimentos não pode se basear nas regras do livre mercado e no lucro, como pretende impor a OMC.

Por isso, consideramos o alimento um direito de todo ser humano, e não uma mercadoria, como, aliás, já defende a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Cada povo e todos os povos devem ter o direito de produzir seus próprios alimentos. Isso se chama soberania alimentar. Não basta dar cesta básica, dar o peixe. Isso é a segurança alimentar, mas não é soberania alimentar. É preciso que o povo saiba pescar!

No Brasil, com um território e condições edafoclimáticas tão propícias, não temos soberania alimentar. Importamos muitos alimentos, do exterior e entre as regiões do país. Mesmo em nossas "ricas" metrópoles, o povo depende de programas assistenciais do governo para se alimentar. A única forma é fortalecer a produção dos camponeses, dos pequenos e médios agricultores, que demandam muita mão-de-obra e têm conhecimento histórico acumulado.

A chamada agricultura industrial é predadora do ambiente, só produz com agrotóxicos. É insustentável a longo prazo. Por isso, neste 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, as organizações camponesas, movimentos de mulheres, ambientalistas e consumidores faremos manifestações em o todo mundo para denunciar problemas e apresentar propostas para que a humanidade, enfim, resolva o problema da fome no mundo.

JOÃO PEDRO STEDILE , 54, economista, integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina.

DOM TOMÁS BALDUINO , 85, mestre em teologia, bispo emérito da Diocese de Goiás, é conselheiro permanente da CPT (Comissão da Pastoral da Terra), órgão vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

Fonte: Notícias Agrícolas.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Romilda e nós.


O que tenho para dizer não necessita de muitas palavras. Acredito que muitos, em especial os que já são antigos na UnB, me entenderão.

Quando ingressei na nossa universidade, em junho de 1985, uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o que poderíamos chamar de “o protocolo” dos funcionários da Universidade de Brasília, seu grau de humildade, obediência e respeito aos professores. Reinava, e acredito que continua sendo assim na maioria das unidades, uma etiqueta que poderia dizer-se rígida, apesar da cordialidade. Os funcionários da UnB eram e, em muitos casos, continuam a serem pessoas que aceitam a hierarquia das tarefas que fazem parte do dia a dia da instituição acadêmica, e ainda hoje se pode constatar a fidelidade a esse padrão.

Em 1986, quase recém chegada, tive a oportunidade de ter que tratar com Romilda Maccarini, então diretora de Convênios, sobre a liberação de fundos da Fundação Ford que tinham entrado na UnB para o Núcleo de Pesquisas Etnológicas do Depto. de Antropologia. Eu necessitava desses fundos para a realização de uma pesquisa de campo na fronteira entre Argentina, Chile e Bolívia, e a Romilda cooperou com a maior eficiência e demonstrando grande sentido do dever. Impressionou-me a forma em que encarnava sua missão de auxiliar o nosso trabalho. Sua disponibilidade e abnegação para atravessar em tempo a quantidade de barreiras burocráticas que se interpunham entre os fundos depositados e a finalidade que deveriam cumprir foram notáveis, e senti-me agradecida por poder contar com seu apoio e respeito à minha causa científica.

Vinte dois anos se passaram e agora me pergunto: o que aconteceu com a Romilda?

Certa estou de que com a praxe de obediência, disponibilidade e cortesia com que os funcionários trabalhavam à época, sempre se percebendo como peça importante do trabalho acadêmico, porém subordinados à demanda e até, poderíamos dizer, à tutela dos docentes, teria sido impossível que Romilda escolhera por sua própria conta e risco o caminho que escolheu. Não acredito que sem tutela, beneplácito ou influência de alguém o que aconteceu com ela ao longo das duas décadas que se seguiram tivesse acontecido. Em outras palavras, me parece inverossímil que Romilda tenha percorrido esse caminho só, sem a supervisão ou encobrimento de um de nós ou, mais exatamente, daqueles que nos gabinetes administrativos da universidade continuaram a encomendar e supervisar o seu trabalho.

Não estou com isto tentando livrar Romilda das suas responsabilidades. Não a estou isentando do peso de ter que responder perante todos nós e na Justiça se é verdadeiro ou não o que o Correio Braziliense de domingo informa sobre sua conduta na direção do CESPE, e, caso seja verdadeiro, de explicar à comunidade acadêmica e à Justiça a quantidade de abusos e discricionariedades cometidos na gestão institucional.

O que estou afirmando é que não podemos deixar passar a oportunidade de aproveitar o caso emblemático da Romilda para rever as práticas que levaram à deterioração geral da UnB e à corrupção de alguns que, como ela, se encontram em posição subordinada com relação à classe professoral dos dirigentes. Porque, inescapavelmente, o descalabro da Romilda não é outra coisa que um sintoma do descalabro de toda a instituição e, principalmente, dos seus responsáveis. Deixar passar essa oportunidade de entender o profundo vínculo da funcionária Romilda com seus superiores será aceitar que alguns sejam punidos para que outros fiquem impunes e livres para continuar com suas práticas lesivas aos interesses da instituição e da comunidade que dela depende. Não estou invocando a “obediência devida” como justificativa, mas insisto em que há uma hierarquia de responsabilidades.

Conhecendo a UnB, a praxe obediente e a consciência dependente de muitos entre nós, posso arriscar que sei, que efetivamente sei, que a “Romilda” personagem do Correio não é somente Romilda, que não pode ter agido sozinha. Isto é, posso dizer que sei que alguém corrompeu Romilda, e a levou pelos caminhos que ela foi, indicou a ela que era possível agir assim, praticar o que praticou impunemente. Fez a ela acreditar na própria onipotência, garantiu a ela proteção e segurança onde não havia nem poderia haver.

Por isso, em uma palavra, pergunto: quem deseducou Romilda? Tem que ter sido um docente: um de nós.

Rita Laura Segato