Talvez tenha passado despercebida a proposta de “dar maior estabilidade institucional” da chapa 73. Esse é um eufemismo para baixar normas rígidas de conduta com vistas ao controle da manifestação de opinião, de movimentos, de passeatas ou de qualquer ato contestatório dentro da instituição. O formalismo dos candidatos a reitor da chapa 73 é propício para que fomentem a criação de novas regras cerceadoras de liberdade, de manifestação pública e uso do espaço. As novas normas serão impostas com vistas a minimizar o risco de ter a autoridade desafiada, mesmo que legitimamente. As punições que poderiam ser atribuídas causariam uma espécie de auto-censura, inibindo iniciativas de contestação e estimulando o silêncio servil do consenso. Esse é um sonho antigo de uma turma de docentes formalistas e autoritários que apóiam a chapa 73.
Por outro lado, cada vez mais a UnB vem servindo a camadas menos elitizadas da sociedade como o resultado das políticas de cotas e a democratização do ensino do MEC. Estão aparecendo grupos sociais bastante heterogêneos dentro da UnB, segmentando-a e reproduzindo os conflitos econômicos, étnicos, ideológicos etc. Nas classes economicamente menos favorecidas é que se esboçam com mais clareza as contradições da assimetria na distribuição de renda no Brasil.
Se um professor, um reitor, não perceber quais os anseios desta nova classe de estudantes, poderão acontecer sérias cisões comprometendo o ensino e a realização de "metas de qualidade". Nesse caso, impõe-se um conjunto de normas que façam com qua as metas sejam alcançadas (vaja nas entrelinhas das propostas dos candidatos),. Normas inclusive e principalmente disciplinares.
As políticas propostas pela chapa 73 não tocam nesse assunto delicado. A chapa é omissa, deliberadamente ou não. O embate entre grupos menos hegemônicos, desejosos de canais de expressão libertários, contra um sistema opressor, rígido, engessado por normas conservadoras, acarretará um acúmulo de problemas administrativos e jurídicos. A academia, nesse caso representada pela UnB, novamente estará sujeita à estigmatização, tanto sob o ponto de vista dos conservadores como dos movimentos populares. Os primeiros detratando os contestadores como "baderneiros" e os últimos como "reduto de nobres despreparados para respeitar a cidadania da plebe".
Para os conservadores, urge uma legislação que iniba as tensões e a inquietação da comunidade universitária. A elite é agonofóbica e não admite qualquer concessão que abale o status quo. A “maior estabilidade” da instituição, se baseada em novas normas de conduta e novos crotérios de punição, teria o efeito exatamente oposto se efetivada com a perspectiva conservadora, atrasada e formalista da chapa 73.
O texto é de autoria de Vanner Boere Souza e não necessariamente reflete a opinião do Coletivo UnB Livre.
Um comentário:
Caro prof. Vanner:
Bela sequência de textos e uma síntese profunda da imagem da doutrina do grupo caliginoso que orienta a Chapa 73. Um dos seus principais conselheiros é o empresário dono da Empresa Marca Imobiliária e Construções Ltda . Durante toda sua trajetória "docente" foi muito mais empresário do que professor e sempre colocou os seus negócios frente aos interesses da UNB. Sua empresa construiu o prédio da Finatec e realizou a obra do prédio de Geocronologia (ciência que utiliza um conjunto de métodos de datação usados para determinar a idade das rochas, fósseis, sedimentos) do candidato a reitor da chapa 73 - Comendador Márcio Pimentel. Como Diretor do Conselho Fiscal da Finatec foi afastado pela Justiça, mas segundo informações de fontes da própria Finatec nunca deixou de frequentar a referida fundação, desafiando de maneira indécora o Ministério Público e a própria Justiça. Homem no fundo ganancioso e orientado pelos princípios mais conservadores de uma seita religiosa luterana em que a contínua produção de riqueza com o "trabalho", para eles e familiares, é o caminho para se alcançar a benção eterna e os bons olhos do Criador. Em tese, não devem suportar a idéia da probreza! Os pobres estão sendo de alguma forma castigados...
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