quarta-feira, 18 de junho de 2008

Duas falas que engrandecem a UnB



ESTA É A HOMENAGEM DO COLETIVO UNB LIVRE AOS MESTRES ESTUDANTES QUE CONDUZIRAM O PROCESSO LIBERTÁRIO NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA DURANTE OS ÚLTIMOS MESES.É IMPORTANTE QUE A COMUNIDADE CONHEÇA AS INSPIRADAS FALAS DE DOIS DOS SEUS REPRESENTANTES NO CONSUNI DA PARIDADE, EM13/06/2008.

O Coletivo UNB LIVRE tem a honra de reproduzir aqui, na seqüência em que elas foram pronunciadas, as falas de Edemilson Cruz Santana Júnior - Paraná, e de Tony Gigliotti Bezerra - Tony, no histórico evento.




Senhores Conselheiros,

Eu gostaria de aqui fazer uma observação que me parece muito significativa: Parece haver quase um consenso nas falas dos conselheiros que me antecederam. Todos eles, um após o outro, ao tratar da paridade trouxeram uma série de argumentos e perspectivas que reforçam sua viabilidade e reafirmam de algum modo a grande necessidade que a UnB tem de sua aprovação. Estranho, no entanto, é observar que esse mesmo consenso não parece se refletir na disputa que se trava agora a respeito da democratização da universidade. As votações são apertadas, muitos institutos se manifestaram contra, alguns professores se mostram pouco solícitos à idéia, mas ainda assim observamos o silêncio daqueles que são contra a paridade nesse conselho. Por que esse silêncio? Não estamos lidando com futuro da Universidade? Não estamos lidando com a construção de uma nova UnB? Eu não gostaria de acreditar que os Srs. que são contra a paridade não têm argumentos ou propostas para universidade, eu não gostaria de acreditar que os Srs. não estão comprometidos com essa universidade. Muito pelo contrário, eu gostaria de ouvi-los, de discutir com os Srs. como muitas vezes fiz e busquei fazê-lo. É claro que minha posição é clara. Pra mim, a paridade é, antes de tudo, uma questão central para a democratização, para a eficiência, para fiscalização, para a construção de universidade socialmente responsável. Mas esse debate não é um debate de pré-condições, de posições fechadas, é, antes de qualquer coisa, um debate de idéias. Não é um debate de professor contra aluno, ou de servidor contra professor, é um debate de tendências diferentes que, com a absoluta certeza, visam o mesmo objetivo: a melhoria dessa universidade. Pelo menos isso é o que eu gostaria de acreditar. Estamos todos juntos nesse mesmo barco, professores, alunos, servidores, sejam eles contra ou a favor da paridade, porque se essa universidade não é como gostaríamos, todos temos responsabilidade e parte da culpa. Justamente por isso, o silêncio daqueles que são contra a paridade é algo entristecedor, algo que de algum modo sugere péssimas conclusões, algo que vai contra a essência da academia e da construção dessa universidade. Para que o Srs. Professores repensem a questão aqui, hoje, e procurem rever alguns posicionamentos e atitudes que têm se mostrado evidentes na contrariedade com que recebem a proposta da paridade, eu gostaria de citar, se não me engano, a Nietzsche, um grande filósofo, que certa vez disse: "Quanto mais envelhecemos, mais olhamos para o passado e concluímos quão tolos éramos, e essa é a maior indicação da tolice que é constante na existência humana." Ainda dentro dessa linha de análise gostaria de evocar o pensamento de Sócrates, um pensamento que orienta constantemente o ser humano para a humildade frente ao conhecimento, que o torna aberto para tudo que pode fazê-lo repensar, para toda nova visão de mundo; um pensamento sábio por essência ao concluir que o mais sábio dos homens é que se dá conta de sua ignorância, que o mais sábio dos homens é aquele que se da conta de que nada sabe: 'Eu como de fato não sei, não fico pensando que sei; só sei que nada sei'". Pois bem, meus senhores, eu não gostaria de acreditar que a experiência traz a arrogância. Não me deixem sair daqui hoje acreditando nisso!


Muito Obrigado.


Edemilson Cruz Santana Júnior - Paraná




Boa tarde, senhoras e senhores conselheiros.

Como foi frisado pelo conselheiro Paraná, são escassas quando não inexistentes as falas contra a paridade. Eu, particularmente, nunca vi uma argumentação consistente que fosse contrária a paridade. Quando se procura algo para defender este modelo anti-democrático, geralmente se recai em conservadorismos e legalismos esvaziados e levianos.A fala mais sincera que eu já ouvi contra a paridade foi a do professor Kramer, que disse mais ou menos o seguinte: "É descabida a insistência dos estudantes e servidores nesta questão de paridade na eleição: acaso vocês já viram louco votando para diretor de hospício; já viram animal votando para diretor de zoológico?? Evidente que não! Com a paridade nas eleições é a mesma coisa!". É exatamente neste sentido que muitas vezes se dirigem os posicionamentos contra a paridade, de maneira a menosprezar a capacidade de reflexão dos estudantes e funcionários, e a intenção deles é dizer: "Recolha-se a sua insignificância, estudante incapaz; recolha-se a sua insignificância funcionário desqualificado". Eles querem que aceitemos a exclusão. Nós, no entanto, não podemos e não iremos aceitar a exclusão, iremos lutar até o final para termos voz e voto em todas as instâncias desta universidade, porque é assim que construiremos uma UnB mais democrática e mais justa; e é com esta força e esta coragem que vamos conquistar a paridade ainda hoje, nesta reunião!


Obrigado.


Tony Gigliotti Bezerra - Tony

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi gente. Se estes são os "melhores textos" à favor da paridade, imagine os piores...
Cadê os argumentos??? Eu também concordo com Nietzche, isto é, quando eu era estudante universitário eu também defendia a paridade e por isto, graças a Deus, "fui amarrado à um pé de mesa", então envelheci e melhorei. Jovens de todo o mundo: envelheçam!!!. Abr
Ronaldo Angelini http://bafanaciencia.blog.br

Anônimo disse...

Pelo jeito, o amigo continua sem entender o que Nietzchie quis dizer com isso.

Mais uma prova de que o filósofo estava certo: a tolice de fato é uma constante na existência humana. Da pra ver que a idade não repara essa situação; pelo contrário , ela parece trazer, como bem disse o aluno Edemilson,a arrogância, que potencializa ainda mais essa tolice, mto bem exemplicada no maravilhoso comentário acima.

parabéns!
sua contribuição reforça ainda mais
as belas palavras do autor.

Cacá disse...

Seu anônimo.
A questão é que vc não estava no contexto dessas falas, vários argumentos já tinham sido levantados, praticamente TODOS a favor da Paridade. O que esses estudantes estavam fazendo é criticando aqueles que no CONSUNI que tomariam a decisão da Paridade e eram contra não deram quase nenhuma argumentação para votar contra. E olha que a votação foi muito apertada. Por isso, esses textos são críticas a essas pessoas, e não textos para argumentar pela paridade em si!

Mônica - Pedagogia UnB