sexta-feira, 27 de junho de 2008
1968 a 2008 na UnB
O jornalista Zuenir Ventura e o fotógrafo Luis Humberto falaram ao Correio Braziliense sobre as causas, a luta e o reflexo de 1968 no mundo de hoje. Uma forte ênfase está no papel da UnB. Vejam partes da entrevista:
"UnB: utopia
“A UnB era a grande utopia dos intelectuais brasileiros. Ser convidado para ser professor da UnB era se sentir como um dos eleitos” (Zuenir)
“Era um Eldorado da inteligência brasileira. A gente acabava as aulas no entardecer e já ficava pensando na hora de voltar no dia seguinte: um emprego raro no Brasil. Tinha uma proposta transformadora. E qualquer coisa que represente inteligência e transformação era péssima para os militares, habituados a pensar por esquemas e de forma bruta” (L.Humberto)
UnB: invasão
“O (presidente) Costa e Silva não queria a invasão da UnB. Ele falou: ‘Diz pra essa gente que, com a universidade, nada. Eu quero dormir tranqüilo’. No dia seguinte, ele se surpreendeu com a invasão, que foi autorizada pelo Gama e Silva, um civil muito mais linha-dura do que os militares.” (Zuenir)
“Em 1968, o Rio era o centro de tudo. Os acontecimentos de maior repercussão – a morte de Edson Luiz, a passeata dos 100 mil, o AI-5 – foram lá. A notícia da invasão da UnB chegou sem grande alarde. Depois da invasão e do discurso do Marcito (Márcio Moreira Alves, então deputado federal), veio o AI-5. E a invasão da UnB foi o pretexto que a linha-dura esperava; isso, para mim, ficou claríssimo. Porque, em abril, houve uma tentativa de AI-5, de um golpe dentro do golpe, que acabou abortado. Era preciso arranjar pretextos para justificar o endurecimento. Foi quando a linha-dura ganhou a parada. Para mim, isso ficou claríssimo 20 anos depois, quando fui fazer o livro 1968 – o ano que não terminou” (Zuenir)
“A invasão da UnB foi uma espécie de Viagra da Revolução” (Luis Humberto)
1968 no mundo
“Foi o momento de uma geração que estava descontente com o que estava acontecendo depois da guerra. Porque todo mundo tinha acreditado que viria a paz, a fraternidade entre os homens, não veio nada disso. E os que se dispunham a reformar o mundo, como os soviéticos, se mostraram uns facínoras quando invadiram a Tchecoslováquia” (Luis Humberto)
“ Em 1968, havia rebeldia e insatisfação, mas não necessariamente de origem política, de esquerda. Isso foi mais forte no Brasil: aqui, a luta era para derrubar uma ditadura. Mas, na França, o maio de 1968 começou como motivação social – a reivindicação dos estudantes era por dormitórios mistos: eles queriam ter acesso aos dormitórios femininos” (Zuenir) "
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