O Dr Roberto Aguiar comenta sobre a corrupção e as relações raivosas entre os membros da comunidade universitária. Relata que recebeu ameaça de morte por professores!!!! Estas práticas são mafiosas. Uma verdadeira quadrilha se instalou na UnB. Há uma patologia social nas relações acadêmicas da UnB.
Ele quer regularizar as relações das fundações com a UnB mas parece convocar as forças majoritárias (estudantes) e os órgãos ficalizadores (CGU e MPDF) para a efetiva limpeza da corrupção.
Nós, do UnB Livre, docentes comprometidos com a ética e com o bem público, estamos atuando neste sentido.
O Reitor pro-tempore, inclusive adota um lema da campanha da Chapa Alternativa-Livre "uma UnB sem donos" e diz exatamente isso " a UnB não tem donos".
Um comentário:
Ponto a ponto - Roberto Aguiar
Novo reitor quer que universidade venda apartamento que detonou uma das maiores crises da instituição
Samanta Sallum e Renato Alves
Da equipe do Correio
Há 30 dias, Roberto Aguiar assumia a missão de tirar a Universidade de Brasília (UnB) da sua mais grave crise institucional desde a ditadura. Em meio à ocupação de estudantes na reitoria e a uma enxurrada de denúncias de irregularidades nas fundações de apoio, foi nomeado reitor temporário. A instituição é alvo de investigações e auditorias do Ministério Público, Polícia Federal e Controladoria-Geral da União (CGU). Aguiar mandou abrir as caixas-pretas da UnB e comprometeu-se a ser o maior colaborador nas apurações. “Vi pessoas escondendo laptops, quando anunciei a auditoria”, contou em entrevista exclusiva ao Correio. E revelou que já recebeu até ameaças. “Me disseram que eu iria acordar com a boca cheia de formiga. Isso não parte de acadêmicos, parte dos negociantes que estão perdendo espaço aqui, perdendo dinheiro.”
Aguiar dispara que encontrou “sérios problemas estruturais” na universidade, que “a cada dia” descobre “uma nova irregularidade”, que não havia “transparência” na gestão anterior e diz mais: “A intervenção judicial na Finatec está sendo ineficaz. O Judiciário precisa ser mais presente lá.” Preparar a universidade para eleger um novo reitor é uma de suas missões agora. Porém, quer fazer mais. Aguiar defende a venda dos apartamentos luxuosos da UnB, principalmente o do reitor, a cobertura duplex, na 310 Norte, avaliada em R$ 6 milhões. “Para que esses imóveis tão luxuosos? Poderíamos reverter em algo mais rentável para a UnB.”
Adeus ao luxo da UnB
Igo Estrela/Especial para o CB
Na universidade não havia limites entre o público e o privado. As fundações eram exemplo disso. Elas serviam, muitas vezes, para negociatas
Posse
Quando tomei posse, a primeira coisa que decidi fazer foi conversar com os estudantes (que ocupavam a Reitoria). Havia um clima tenso, de desconfiança. Queriam que eu subisse com segurança reforçada. Dispensei os seguranças. Eu queria dialogar com os estudantes, saber os anseios deles. Isso é essencial na universidade. Precisamos descomprimir a universidade. Ela não tem dono. É a sociedade que a mantém.
Feudos
Logo que assumi, anunciei a abertura das contas e uma auditoria. Vimos pessoas correndo com laptops nas mãos, como se estivessem escondendo algo. Encontramos problemas estruturais muito sérios. Todos têm que entender que não estamos aqui para condenar, perseguir. Mas precisamos organizar a casa. A universidade é toda feudalizada. Cada um faz seu trabalho fechado. Não havia comunicação, transparência. Temos que acabar com isso. As coisas precisam ser discutidas entre todos. Agora, temos uma comissão. Todos os dias fazemos uma reunião interessante, porque todos apresentam propostas de trabalho diferentes.
Irregularidades
Na universidade não havia limites entre o público e o privado. As fundações eram exemplo disso. Elas serviam, muitas vezes, para negociatas. Havia ainda outras instituições com muito poder, um poder paralelo, mesmo sem existir formalmente, como a agência da Editora (que executava contratos firmados pela Fundação Universidade de Brasília, a FUB), que fazia o que queria, sem prestar contas de nada. Não podemos extinguir algo que nunca existiu legalmente. Mas executava projetos, recebia dinheiro público. O CPD (Centro de Informática), por sua vez, era uma caixa-preta, um guardião de todas essas irregularidades. Por isso, a operação dessa semana (que a Justiça Federal mandou suspender as atividades do CPD para policiais federais copiarem os dados gravados nos computadores).
Ameaças
Tenho recebido ameaças. E não é por telefone, velada. São de pessoas que chegam na minha cara e dizem assim: “Você vai amanhecer com a boca cheia de formiga.” Isso é aqui, dentro do câmpus, no corredor da universidade. Não tenho medo dessas pessoas. Ignoro-as. Não são professores, acadêmicos, são os negociantes, os maus negociantes, que vêm perdendo espaço e dinheiro. Por que vou ter medo de gente assim? É a academia enfrentando os negociantes. Já subi morro dominado por traficantes (quando era secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro).
Fundações
É um mito que a UnB não sobrevive sem os convênios das fundações de apoio. Isso justifica uma prática, justifica muita coisa errada que vinha ocorrendo. É uma mentira, uma contradição. Com as fundações nós dávamos mais que recebíamos. Agora, a FUB só vai trabalhar com dinheiro da própria FUB. A fundação que não se enquadrar nas regras, nas novas determinações do governo federal, vão ser extintas.
Contratos revistos
Queremos rever os contratos das fundações. Queremos que todos fiquem com a FUB. Há pessoas qualificadas que foram enganadas, prejudicadas por algumas fundações, pois acreditavam nelas. No meio de coisas geniais, há os picaretas.
Reuni e expansão
A UnB vai continuar sua expansão. Quanto ao Reuni, ao contrato de R$ 30 milhões com a Finatec que está suspenso, queremos que esse contrato seja refeito, seja firmado direto com a universidade. Por que pagar 5% de taxa de administração à Finatec? Por que o valor dessa taxa não pode ficar com a universidade?
Intervenção na Finatec
Essa intervenção precisa ser revista, ela precisa ser mais eficaz. Simplesmente colocaram um interventor lá, mas as coisas não andam. Não há contatos conosco nem com o Ministério Público. Não sabemos o que está sendo feito. E, enquanto isso, há R$ 50 milhões (de convênios) lá.
Investigação interna
Todas as instituições da universidade estão sob investigação. Não são apenas as fundações de apoio. Esse trabalho está sendo feito por auditores da CGU, de forma discreta, mas que vai dar resultado concreto. A cada dia descobrimos uma coisa nova, uma nova irregularidade. Tudo vai ser apurado. Vamos tomar as medidas administrativas. As medidas judiciais ficam a cargo do Ministério Público.
Apartamentos funcionais
Será que esses apartamentos luxuosos são necessários e rentáveis para a universidade? Creio que não. Mercadologicamente, apartamento menores são mais atraentes, mais rentáveis. Para que a universidade precisa desses imóveis de luxo? Nossa idéia é vender, ou melhor, prefiro a palavra permutar esses apartamentos. Defendo isso e vou propor para que a idéia seja aprovada pelo Conselho Superior. Podemos trocar um apartamento de R$ 6 milhões por seis, oito de três ou quatro quartos e aumentar a arrecadação com aluguéis. Sou contra apartamento para reitor. O Cristóvam (senador Cristovam Buarque, do PDT-DF) havia acabado com essa história de apartamentos funcionais, quando assumiu a reitoria. Não sei por que eles (gestão de Timothy) voltaram com isso.
Eleição
Não tenho grupo, não sou reitorável. Sou um árbitro aqui dentro. Tenho data para sair. Por isso tenho que agir, e rápido. Nossa missão é preparar uma eleição que não seja apaixonada, mas que olhe para o futuro, para o melhor caminho da universidade. Tenho sorte de ter o apoio de pessoas que abandonaram seus projetos permanentes por uma causa temporária.
Esperança
Estamos em um momento de grandeza. Precisamos dar exemplo, quebrar vícios que aqui vinham se perpetuando. Isso aqui parecia uma empresa privada, só que mal administrada. Também há muitas rixas, muitos ódios que vêm se perpetuando. Mas tem muita gente nos ajudando, que tem esperança em um futuro melhor. E isso é mais que possível. A UnB é maior que todos nós.
Postar um comentário