Hoje estive no HUB. Fui acompanhar um paciente e na espera do atendimento fiquei rondando por lá. Não é um espaço que eu vá, mesmo que esporadicamente. Não quero ir, cemitério e hospital são dois locais que me trazem a lembrança do sofrimento. Mas deveria ir mais, me envolver mais com aquele espaço público de desafios entre o sofrimento e o linimento. Entre a dor e a esperança. Deveria me envolver mais como professor, servidor público e cidadão.
Em uma sala um atendente mostrava orgulhoso um computador para uma colega, que havia conseguido de um outro setor. Um computador com Windows 98, da geração Pentium alguma-coisa. Ele estava orgulhoso por ter recuperado aquele aparelho e colocado a funcionar. No momento navegava na internet, sem nada mais urgente para fazer.
Fiquei observando a arquitetura do prédio principal. As paredes externas e a decoração são austeras, frias, sem graça e sem energia. Não chegam a ser hostis, mas são cores e contrastes que velam pelo sofrimento. Não irradiam esperança.
Ao sair pensei que as coisas estão funcionando por lá. Essa foi uma impressão ligeira. Claro que há melhorias gigantescas a fazer e que minha rápida visita não permitiu aquilatar com mais profundidade. Na linha de mudança prometida pelo atual reitor, me questionei se o HUB precisa de uma administração colegiada, com maior participação de segmentos da sociedade. Para angariar mais fundos, apoiar mais pesquisas e mais ação médica e paramédica naquele espaço. Investir mais em saúde preventiva e menos curativa.
Verdade que há escassez de verbas no sistema de saúde no Brasil. Ou melhor, as verbas são desviadas. A mídia está dando destaque essa semana ao grave problema da FUNASA, denunciada inclusive pelo Ministro da Saúde. Que recebeu um puxão-de-orelha dos chefões do seu partido para não mexer nesse vespeiro ou nessa mina de ouro. Um jogo político que envolve toneladas de dinheiro, empurra parte desta verba para paraísos fiscais, fazendas e doleiros.
Foram só algumas impressões. Há muito que fazer, eu sei. De todas as impressões, uma sensação daquele ambiente está me inquietando. Parece haver falta de mulher na administração, na condução daquele espaço. Explico-me: parece haver falta de uma mão feminina, de decoração feminina, do arranjo feminino daquela espaço. Senti a falta disso. Não vi uma estética feminina. A sobriedade do ambiente me parece com a falta de um acolhimento materno. Falta uma estética feminina com mais cores, contrastes, flores, mais detalhe, mais vida, mais sorrisos iluminados que só as mulheres possuem. Talvez, mesmo com as dificuldades, o investimento em um ambiente mais feminino, pudesse diminuir o sofrimento e dar a esperança que só as mães, mulheres, podem dar à dor dos filhos e filhas. É isso, nesse momento, acho que falta um pouco mais de feminino no HUB.
Vanner Boere, Professor.
O texto não reflete necessariamente o pensamento do Coletivo UnB Livre.
Um comentário:
Goestei MUITO de seu texto. Mas eu estpu bem mais pessimista que voce quanto ao futuro do HUB na gestão JG/JB...
Postar um comentário