terça-feira, 5 de agosto de 2008

Encapuzados invadem sede da Conlutas em São José e atiram contra operários


Invasores pretendiam impedir fundação de associação de operários da Revap

Diego Cruz da redação do Opinião Socialista
Lucas Lacaz, especial ao PSTU
Um crime bárbaro contra a livre organização dos trabalhadores. Nesse dia 1º de agosto, sexta-feira, estava marcada a assembléia para a fundação da associação dos trabalhadores terceirizados da construção civil da Revap, a refinaria da Petrobras em São José dos Campos (SP). Os operários resolveram fundar uma associação pois o sindicato da categoria, ligado à CUT, é amplamente repudiado pela base e não representa os interesses dos trabalhadores.

Ataque brutal
A assembléia começou às 18 horas na sede da Conlutas, no centro de São José. Às 18h10, quando já havia 70 trabalhadores no prédio e alguns operários ainda chegavam ao local, cerca de 60 homens invadiram violentamente o prédio. Testemunhas afirmam que os invasores chegaram ao local em um ônibus. Encapuzados e portando armas de fogo de grosso calibre, depredaram o prédio e os carros estacionados no local. "Estavam com escopetas, metralhadoras, bombas, e todo tipo de arma; chegaram a atirar e soltar rojões contra os trabalhadores" , afirmou ao Portal do PSTU José Donizete de Almeida, da Coordenação da Conlutas do Vale do Paraíba.

Um operário foi atingido por um tiro na mão. Os homens encapuzados também roubaram a ata, estatuto e demais documentos da assembléia, demonstrando a clara intenção de impedir a fundação da associação. Permaneceram dez minutos no prédio e fugiram, deixando para trás um rastro de destruição e quase uma vítima fatal.

"Exijo uma investigação profunda sobre esse ataque contra a livre organização dos trabalhadores" , afirmou Donizete. A organização da associação ia contra muitos interesses. "A fundação da associação desagradava a Petrobras, as empreiteiras e o sindicato da Construção Civil, ligada à CUT" , denunciou ainda Donizete.

Apesar do ataque e do seqüestro dos documentos, a associação foi fundada. "Não vai ser isso que vai nos abalar, estamos com a cabeça erguida e fundamos a associação, mesmo com o sangue dos trabalhadores" , declarou o dirigente da Conlutas, que ainda chamou a todas as entidades do movimento sindical e popular a repudiar esse bárbaro ataque.

Vitória contra os patrões e a CUT
Os trabalhadores da Construção Civil da Revap protagonizaram uma das principais mobilizações operárias desse primeiro semestre. Indo contra a direção do próprio sindicato, ligado à CUT, os trabalhadores buscaram o apoio da Conlutas para realizar uma forte greve. A mobilização durou um mês e terminou com uma contundente vitória.

A Petrobras e as empreiteiras, porém, foram para o ataque. Nas últimas semanas anunciaram centenas de demissões, incluindo as principais lideranças da greve. A direção da Petrobras chegou a chamar e autorizar a entrada da tropa de choque na refinaria para reprimir uma manifestação dos operários contra as demissões.

As mobilizações reforçaram para os trabalhadores a necessidade de uma entidade alternativa ao sindicato cutista, amplamente repudiado na base da categoria. O sindicato da CUT desconta mensalmente 1% dos salários de todos os trabalhadores. Isso garante uma receita que ultrapassa R$ 1 milhão ao ano, mesmo a entidade tendo pouquíssimos filiados.

Daí dá pra se ter uma idéia dos interesses que estão contra a organização independente dos operários da refinaria.

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Episódio é exemplo lamentável de gangsterismo sindical

[01/08] Sede da Conlutas em São José sofre atentado a tiros

A sede da Conlutas Vale do Paraíba, em São José dos Campos, foi alvo de um grave atentado à mão armada no final da tarde desta sexta-feira, 1º de agosto. Por volta das 18 horas, no local estava sendo realizada uma assembléia para fundação de uma Associação de Trabalhadores da Construção Civil.

Na sede da Conlutas, que fica em uma área pertencente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, estavam reunidos os trabalhadores terceirizados da Revap, refinaria da Petrobras.

Segundo testemunhas, cerca de 60 homens armados, alguns encapuzados, invadiram o local com gritos, ameaças e tiros. Houve quebra-quebra e as instalações da sede, móveis e três veículos do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que estavam estacionados no local, foram depredados e alvejados. Um trabalhador foi baleado e levado ao Pronto Socorro da Vila Industrial.

Durante a invasão, nada de valor foi roubado. Apenas documentos relativos à fundação da Associação foram levados, tais como a ata e a lista de presença da assembléia.

Os fatos são de extrema gravidade. É um dos piores exemplos de gangsterismo sindical, em que a violência e o banditismo são utilizados contra os trabalhadores.

O objetivo da assembléia era a criação de uma nova organização dos trabalhadores da construção civil, que, de certa forma, seria uma "ameaça" à representatividade do Sindicato da Construção Civil, filiado à CUT, e também às empresas prestadoras de serviço da Petrobras.

O sindicato cutista foi rechaçado pela categoria na recente greve de 31 dias, ocorrida de 16 de maio a 16 de junho. Os trabalhadores rejeitaram este sindicato na condução das negociações e criaram uma Comissão de Negociação, independente da entidade sindical.

Já a Petrobras e as empreiteiras têm feito uma forte perseguição aos trabalhadores. As empresas decretaram locaute e iniciaram um processo de demissão em massa. A repressão atingiu o ponto alto com a invasão da Tropa de Choque na refinaria no dia 10 de julho.

A Conlutas e os trabalhadores terceirizados da Revap exigem o imediato esclarecimento sobre o papel do Sindicato da Construção Civil, filiado à CUT, neste acontecimento. Exigimos o mesmo em relação à Petrobras e ao consórcio de empreiteiras que realizam as obras de ampliação da refinaria.

Estamos diante de um grave crime que deve ser repudiado por toda a sociedade. Cobramos dos governos Federal, Estadual e Municipal atitudes imediatas no sentido de identificar e punir os responsáveis por esse crime. O direito de organização dos trabalhadores é garantido pela Constituição e é dever do Estado garanti-lo.

Este é mais um episódio lamentável da criminalização da luta e da organização dos trabalhadores, que temos visto crescer em nosso país no último período. São os interditos proibitórios, a interferência do Estado e das empresas na organização dos trabalhadores (como demonstra a tentativa de dividir o Sindicato dos Metalúrgicos de São José com a criação um sindicato na Embraer), a demissão de dirigentes e ativistas sindicais e, agora, a utilização de jagunços armados para impedir uma reunião de trabalhadores.

Vamos dar continuidade e ampliar a campanha contra a criminalização da luta dos trabalhadores e chamamos todos os sindicatos, entidades dos movimentos sociais, partidos e organizações democráticas a repudiar este crime contra a organização sindical e democrática da classe trabalhadora.

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Nota de repúdio ao ataque armado à sede da Conlutas em São José dos Campos

No dia 01/08/2008 , um grupo armado invadiu a sede da Conlutas em São José dos Campos/SP, deixando um trabalhador ferido à bala. Os trabalhadores terceirizados da Revap se reuniam em assembléia que iria fundar uma associação de trabalhadores da Construção Civil para representá-los, já que durante os 31 dias de greve (encerrada em 16 de junho) foram abandonados pelos dirigentes sindicais do Sintricom (CUT), que mesmo diante da repressão policial na refinaria e das centenas de demissões, ordenadas pela direção da Petrobrás, ou seja, com a conivência direta do Governo Lula, nada fizeram para defender os trabalhadores e a Comissão eleita.

Em nota, o Sindicato dos Metalúrgidos de São José dos Campos exige o "imediato esclarecimento sobre o papel" do Sintricom-CUT nesse ataque que lembra as ações de gângsteres que os pelegos utilizavam na época da ditadura militar contra os trabalhadores e os ativistas combativos. Também as direções da CUT e das demais centrais sindicais devem, prontamente, se posicionar repudiando esse ataque.

A invasão armada da sede de uma organização do movimento operário é inaceitável. O método das agressões físicas e ataques de gângsteres deve ser repudiado firmemente por todos os sindicatos, organizações de esquerda e democráticas, como primeiro passo para bani-lo do movimento operário.

Nos solidarizamos com os trabalhadores terceirizados da Revap e os dirigentes e ativistas da Conlutas. Abaixo as agressões físicas e os ataques de gânsteres no movimento sindical.

Diante desse ataque à Conlutas e aos trabalhadores terceirizados da Revap propomos uma campanha nacional de solidariedade e a exigência de organização imediata de uma comissão independente de averiguação formada por sindicatos, organizações democráticas e políticas da esquerda, para chegar aos executores e responsáveis por esse ataque repugnante, determinando a expulsão pública de todos os envolvidos de qualquer organização do movimento operário.

São Paulo, 2 de agosto de 2008

Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacionacional

Um comentário:

milson disse...

é o retrato do pais no qual vivemos hoje,onde reivindicar o melhor para nossos familiares acaba em atentado,animais....