domingo, 13 de julho de 2008
Quarta Frota norte-americana é reativada depois de meio século
A Quarta Frota é um conjunto de porta-aviões, submarinos e belonaves de guerra, que se deslocará permanentemente no Atlântico Sul. Ela deixou de existir logo após a Segunda Guerra Mundial, com a capitulação da frota nazista. A reativação tem preocupado as autoridades sul-americanas, inclusive no Brasil. Há a desconfiança das autoridades brasileiras, observando que a reativação da Quarta Frota coincide com a descoberta de mega-campos de petróleo em águas profundas. Com o crescimento da crise energética de hidrocarbonetos, a preocupação faria sentido se não fossem os novos métodos usados pela diplomacia norte-americana. Esses novos métodos não estão baseados na tomada à força de riquezas, sob a capa justicialista da "redemocratização" de determinada nação. Os métodos incluem a dissuassão pela força do dinheiro, tanto interna como externamente (veja aqui). Muito mais eficiente, ainda mais quando os EUA estão no limite de sua capacidade ofensiva militar, com o comprometimento de sua logística em áreas distantes como o Paquistão e o Iraque.
A Venezuela com seu presidente Chávez, contumaz crítico da política Bush, seria um outro alvo e talvez mais premente para a Quarta Frota, no caso de uma crise. Pelos mesmos argumentos válidos para o Brasil, esta preocupação não procederia caso não hovessem novos elementos militares e econômicos de dimensões gigantescas - mas também muito improváveis (construção de bombas atômicas, invasão de países vizinhos, negativa de venda de petróleo etc). A Venezuela está diretamente dependente da economia norte-americana e seu comércio é invadido por materiais manufaturados e/ou comercializados por empresas norte-americanas. Entre a Venezuela e os EUA há uma co-dependência simiesca de comércio.
O governo dos EUA informa que a Quarta Frota tem objetivos humanitários, de vigilância contra o terrorismo e de repressão ao narcotráfico. Com exceção dos próprios norte-americanos, nenhuma fonte diplomática e acadêmica deu o mínimo crédito a esta declaração oficial. É o mesmo que idiotizar o debate. E é isso que os EUA quer - desfocar o debate.
A verdade segundo o jornalista especializado em diplomacia Igor Gielow, está na expansão gradual da frota chinesa pelo Ocean Índico e provavelmente com vistas a estabelecer bases em territórios sul-americanos. Para quê? Para garantir o tráfego dos bilhões de dólares de suas mercadorias pelo mundo. Comércio mundial, poder mundial. Embora a frota chinesa ainda seja de pouco poder ofensivo, baseada em rapidez e defensibilidade de seu território, a crescente demanda militar (um aumento de 20% no ano passado, em relação ao ano anterior), visa em parte aumentar o seu poder naval para garantiur que seus navios (ou suas mercadorias) cheguem com salvo-condutos a qualquer parte do mundo.
Desse episódio, pode se retirar uma lição para os rumos da UnB. Basicamente é um princípio em diplomacia internacional. Não basta apenas vender o material; é necessário garantir que ele chegue ao seu destino. O produto de uma Universidade Pública deve ser ciência e cultura. O lucro é a disseminação e a democratização da informação, seja na formação de profissionais, de tecnologia e de arte.
Não basta um reitor ser vencedor nas eleições. É necessário que sua mensagem, sua política, chegue ao seu destino: a comunidade acadêmica (os três segmentos). Quanto mais o seu produto, a sua política de valorização acadêmica, chegar aos três segmentos, mais confluente será a Instituição nos seus objetivos de produzir ciência e cultura.
Qual é a força que garantiria esta capacidade? não é certamente um grupo de sábios e de seus ordenanças, cooptados por privilégios estranhos, que garantirão a segurança na produção de ciência; esse modelo, formado no início do século passado, no tempo em que a informação estava fechada em salões herméticos de templos guardados por inflexíveis oráculos, está decrépito.
Somente os votos de uma eleição não garantirão a qualidade de uma Universidade Pública. Um reitor que fundamentará as suas ações somente em votos, será um reitor estacionário, sem garantir que o produto da instituição se propague. O compromisso é muito mais amplo.
Será necessária a mobilização constante de uma "Quarta Frota" composta por Estudantes, Funcionários e Docentes que estejam irmanados em um projeto de melhorias diretas da academia, voltadas para proteger e melhorar as maiores riqueza produzidas na Universidade: ciência e cultura.
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