segunda-feira, 21 de julho de 2008

O Correio Braziliense aponta possíveis reitoráveis


Veja o texto:
"A menos de dois meses do primeiro turno das eleições para reitor da Universidade de Brasília, já existem pelo menos seis potenciais candidatos. A maioria deles vai centrar fogo nas críticas à gestão de Timothy
Professores, funcionários e estudantes da Universidade de Brasília vão às urnas em 17 e 18 de setembro para escolher o novo reitor, mas a disputa já começou. A menos de dois meses do primeiro turno, a comunidade acadêmica se movimenta para definir candidatos e seus vices e elaborar programas de campanha. Alunos e funcionários também participam ativamente da sucessão. Entre esses segmentos, já há debates sobre a eleição que escolherá o substituto do reitor pro tempore, Roberto Aguiar. Mesmo durante as férias, são diárias as reuniões nos departamentos e as negociações entre os segmentos. Mas a concorrência deve ficar acirrada com a volta às aulas, em 11 de agosto. A inscrição de chapas pode ser feita até o dia 18 do próximo mês.

A maioria dos pontenciais candidatos não tem ligação com Timothy Mulholland, que renunciou ao cargo depois de denúncias sobre mau uso de dinheiro público. Até porque o combate à antiga gestão certamente será um dos pilares da campanha dos candidatos. Entre as principais promessas estarão a moralização do relacionamento entre a universidade e as fundações de apoio à UnB e a valorização dos conselhos e entidades de gestão da instituição.

Cabeça-de-chapa
Um dos nomes mais fortes para a disputa é o do professor de direito José Geraldo de Sousa Júnior, 61 anos, que tem a simpatia da atual reitoria pro tempore. Conhecido por sua atuação em defesa dos direitos humanos e vice-presidente da Comissão de Ensino Jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil, o professor conta que, neste momento, negocia com outros docentes, funcionários e alunos a composição de uma plataforma de campanha e o candidato a vice. "São conversações no sentido de uma candidatura que represente maior unidade no câmpus. Quero uma chapa com grande capacidade de diálogo, para restaurar o projeto original da universidade."

Entre os docentes procurados por José Geraldo estão a professora de sociologia Lourdes Bandeira e o professor Volnei Garrafa, da Faculdade de Ciências da Saúde. "A idéia é criar um projeto de reconstrução da universidade, para torná-la mais inclusiva, mais moderna e mais sintonizada com políticas de desenvolvimento éticas e sustentáveis", acrescentou José Geraldo.

O candidato já tem pelo menos um problema para resolver: Volnei Garrafa, 61 anos, não descarta ser cabeça-de-chapa. Ele é um dos maiores especialistas em bioética do país e postulou o cargo em 2001, quando foi derrotado por Lauro Morhy. Garrafa diz que ainda não é candidato, mas reconhece que tem sido procurado por muitos professores e funcionários. "Tenho 35 anos de UnB, é normal que meu nome surja nesta fase pré-eleitoral. Mas estou conversando com todos os lados para tentar compor uma chapa, já que o ideal é que haja o menor número possível de candidatos", avalia.

"Gostaria muito de disputar as eleições juntamente com o José Geraldo, que tem uma visão de mundo muito próxima da minha. Mas como ele chegou à universidade muito depois de mim, o normal seria que ele fosse meu vice", avisa Volnei. Garrafa cogita ainda trabalhar ao lado do professor Márcio Pimentel, do Instituto de Geociências, que também deve sair candidato. "Ele é uma pessoa extremamente competente, além de ser muito íntegro."

"Caça às bruxas"
Entre os possíveis candidatos que são ligados às gestões de Lauro Morhy e Timothy Mulholland estão os professores Márcio Pimentel, do Instituto de Geociências, e Ivan Camargo, da Faculdade de Tecnologia. Ambos foram decanos nos últimos cinco anos. Em uma campanha que será marcada pelo bombardeio contra os últimos reitores, eles devem ser o alvo principal dos adversários. Ivan Camargo critica o clima de revanchismo que se instalou dentro da universidade. "Ainda não decidi se vou participar das eleições, mas existe uma grande possibilidade de compor uma chapa com o professor Márcio", adianta.

O professor de engenharia recusa o rótulo de timotista, mas lembra que a campanha deve discutir propostas novas, em vez de ficar centrada exclusivamente em críticas negativas. "Se eu entrar na disputa, não será para falar mal dos colegas das últimas gestões. É preciso que haja renovação e mudanças, mas sem criar um ambiente de caça às bruxas. Não dá para ficar chamando pesquisadores de ladrões", acrescenta Ivan. O professor de geologia Márcio Pimentel, que foi decano de Pesquisa e Pós-Graduação durante a gestão de Timothy Mulholland, ainda estuda a possibilidade de participar da eleição. "Está um pouco cedo para isso, ainda estou estudando a possibilidade e conversando com os colegas", limitou-se a dizer.

Os mais à esquerda

A única chapa já fechada até agora é a do professor do Departamento de Música e maestro Jorge Antunes, 66 anos. Ele escolheu como vice a professora de serviço social Maria Lúcia Leal, conhecida pelo seu trabalho contra a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes. Filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Antunes concorreu a uma vaga de deputado distrital nas últimas eleições e é o nome mais forte entre os estudantes.

Jorge Antunes já tem um projeto de campanha com mais de 70 pontos. "Nosso objetivo principal é fazer com que o reitor não seja um representante do governo dentro da universidade, mas que ele passe a ser um representante da universidade junto ao governo", explica o maestro. "Defendemos uma universidade pública, de qualidade, gratuita, laica, transformadora e libertária", acrescenta.

Também de uma corrente mais à esquerda dentro da universidade, o professor de sociologia Michelangelo Trigueiro vai participar da disputa e está à procura de um vice para compor a chapa. "Nosso grupo quer uma renovação dentro da universidade. Não queremos ligação com nenhuma corrente partidária e também não aceitamos o continuísmo. Há 12 anos defendo um projeto para a universidade, que inclui um resgate do projeto original, a simplificação da administração e a integração da universidade, que ficou comprometida principalmente após a criação de novos câmpus", justifica."

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