segunda-feira, 31 de março de 2008
Claudio Humberto falou
A Presidência da República fechou um contrato de R$ 144,4 mil com a Fundação Universidade de Brasília para a "prestação de serviços de pesquisa sobre valores éticos". A fundação mantenedora da UnB é dirigida pelo reitor Timothy Mulholland, aquele do apartamento com lixeira de luxo. Só falta o presidente Lula mandar contratar a Finatec, outra envolvida no escândalo da UnB, para realizar a pesquisa. "
31 de Março de 2008 18:25
Fundação Universidade de Brasília é citada em outro processo sobre irregularidades em programas de atendimento à saúde indígena
O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) ajuizou na última quarta-feira, 26 de março, ação de improbidade administrativa contra servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o Instituto Recicla Brasil (IRB) e seus responsáveis por desvio de recursos públicos em convênio firmado para prestação de serviços à saúde indígena na Casa de Apoio à Saúde Indígena de Brasília (Casai/DF).
Ilegalidades - No caso do convênio questionado, a entidade contratada sequer tinha experiência na área de assistência à saúde indígena, já que o Instituto Recicla Brasil é uma entidade voltada para ações ambientais. Em função disso, o IRB manteve a maioria dos terceirizados vinculados ao antigo convênio para prestação desse tipo de serviço – executado pela Fundação Universidade de Brasília (FUB) e que também é alvo de investigação por parte do Ministério Público Federal. Além disso, o IRB subcontratou, sem licitação, o Instituto Brasileiro de Administração Pública (Ibap) para executar toda a parte administrativa do convênio.Ainda segundo a ação, o repasse de verbas era feito sem qualquer controle sobre a real prestação dos serviços, que incluíam, entre outros, compra de medicamentos, pagamento de exames, despesas de transporte a clínicas e hospitais, funerais para indígenas e contratação de pessoal terceirizado. Relatos dos próprios indígenas atestam a ineficiência do convênio, inclusive o pagamento por serviços não prestados, como a aquisição de alimentos e a contratação de assistente social, fisioterapeuta e médico terceirizados.
Veja a matéria completa clicando aqui
Depoimento-bomba de quem trabalha com os índios
Clodoeste Kassu."
*notas do editor do blog.
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Enquanto isso... o que se passa na UnB?
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Nota: o depoimento acima foi retirado de um email enviado ao blog cienciabrasil, do prof. Marcelo Hermes Lima.
O Manifesto do Comitê UnB Livre
A sua adesão, caro leitor, é a diferença entre fazer a história e deixar-se levar pela história. Clique aqui para ler, e se achar que deve, assinar nosso Manifesto.
domingo, 30 de março de 2008
A Comunidade acadêmica não precisa de luxo
Como uma resposta proativa ao luxo da reitoria, há o Manifesto em Defesa da UnB, que convidamos todos a aderirem. Basta enviar uma mensagem para este blog.
O melhor destino das canetas
Quem devolveu o dinheiro da passagem?
Viagens com dinheiro dos índios
R$ 65 mil para passagens, festas e artigos de luxo
sábado, 29 de março de 2008
Os náufragos do bergantim timotista
Antônio Manoel Dias (Conselho Diretor da Finatec – desvio de função da fundação – afastado judicialmente)
Nelson Martin (Conselho Diretor da Finatec – desvio de função da fundação – afastado judicialmente)
Guilherme Sales (Conselho Diretor da Finatec – desvio de função da fundação – afastado judicialmente)
André Pacheco (Conselho Diretor da Finatec – desvio de função da fundação – afastado judicialmente)
Alexandre Lima (Diretor da Editora da UnB – escândalo do Funsaúde - pediu afastamento)
Ângela Lima (Diretora financeira do Cespe – irmã de Alexandre Lima - causas desconhecidas)
A Reitoria teria mandado comprar canetas Mont Blanc para presentear Decanos
Blog UnB Livre é um sucesso
Nosso blog, nascido dia 11 de março, já está com mais de 2 mil acessos (clique na imagem para ampliar). Isso mostra o quanto a comunidade da UnB quer se libertar das TREVAS do Timotismo (que já dura mais de 10 anos). Este blog já esta sendo uma boa ferramenta.
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Além dos leitores da UnB, verificamos que o blog foi acessado por gente de 18 paises, e 74 cidades diferentes do planeta (os acessos de Brasília representam 83% do total).
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E não deixem de ler e assinar nosso Manifesto em Defesa da UnB. Para fazer isso clique aqui.
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Nosso grupo oferece uma LUZ no fim do túnel, uma LUZ de academia e dignidade. Queremos mudanças já. E, para isso, leitor, precisamos de você, para fazer esta "revolução".
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Vamos mudar o curso entrópico (de entropia, da termodinâmica) de nossa universidade. Para isso, é necessário aporte energético, e um pouquinho de coragem.
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Em Tempo:
Apoiamos iniciativas acadêmicas dos alunos da UnB. Conheçam o blog Clube de Evidência, com resenhas de artigos científicos de medicina e saúde, produzido por alunos da UnB. Clique aqui para saber mais sobre este blog.
quinta-feira, 27 de março de 2008
UNIÃO PARA UMA UnB LIVRE
"Nova" sede da Fubra abandonada e ruindo
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Este é mais um exemplo dos vários outros que ainda estão por aparecer.
Caro leitor e leitora, vocês vão ficar aí parados?
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O Manifesto em Defesa da UnB está clamando por sua solidariedade e responsabilidade cidadã.
Seria este fato, mais uma "invenção da mídia, que aliada as faculdades particulares, com uma união da Ultra-Esquerda com a Direita-Fascistoide" (nas palavras de uma certa professora Timotista), que destruir a imagem da UnB? Realmente é uma conspiração contra a UnB... Não tem nada a ver com os demandos da Admistração Central da UnB...
E nós, do UnB Livre, somos homenzinhos verdes de Marte...
quarta-feira, 26 de março de 2008
Finatec
Convidado a depor na CPI das ONGs, Antônio Manoel Dias Henriques, ex-diretor da Finatec, negou que tivesse autorizado o gasto de R$ 470 mil para mobiliar o apartamento funcional ocupado pelo reitor da UnB, Timothy Mulholland. Considerou que o montante poderia ter sido melhor aplicado. Acusado de permitir que a Finatec servisse de fachada para empresas contornarem a necessidade de licitação, em contratos com pefeituras administradas pelo PT, o ex-diretor negou qualquer vínculo político ou irregularidade. Os Senadores da CPI não acreditaram e vão pedir a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico dos envolvidos, inclusive do Reitor da UnB. Veja a íntegra divulgada no portal do correioweb: http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2736233&sub=Pol%EDtica
Assita o vídeo do sr Reitor na CPI das ONGs
Vejam o que a imprensa não mostrou. Os primeiros 46 minutos do depoimento podem ser vistos no link abaixo, do Gloogle video:
terça-feira, 25 de março de 2008
Problemas da Finatec
Contrato de milhões entre a Finatec e a Prefeitura do Recife é rejeitado pelo Tribunal de Contas
A FINATEC, fundação de apoio à pesquisa ligada à UnB, está sob suspeição em um contrato milionário (19,8 milhões de reais) com a prefeitura do Recife (PE). As possíveis irregularidades apontadas por unanimidade pelos Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, estão caracterizadas pela falta de licitação, triangulação de contratos e por serviços não prestados. A jornalista Sheila Borges, do Jornal do Commercio, elaborou a seguinte matéria:
"Tribunal contesta o acordo PCR/Finatec
Publicado em 25.03.2008, No Jornal do Commercio (Recife)
Diante dos indícios de irregularidades detectados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) no contrato firmado entre a Prefeitura do Recife e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) e da possibilidade de ter havido dano ao erário, os conselheiros da 2ª Câmara da instituição determinaram ontem, por unanimidade, que o tribunal realize uma nova auditoria especial. O relator do caso, Ricardo Rios, chegou à conclusão que o prefeito João Paulo (PT) não deveria ter firmado parceria com a fundação ligada à Universidade de Brasília (UnB), sem realizar licitação pública, para implantar um novo modelo de gestão. Esta atitude, segundo Rios, desrespeitou o princípio da isonomia e favoreceu a Finatec, uma vez que a administração petista não elaborou nenhum projeto básico que pudesse lastrear o valor cobrado pela consultoria, que foi de R$ 19,8 milhões. Assim, o orçamento e as especificidades do projeto foram determinados pela própria contratada, que realizou o trabalho entre 2002 e 2005."
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Acesso livre para assinantes do jornal ou UOL: http://jc.uol.com.br/jornal/2008/03/25/not_275084.php
A notícia foi também publicada hoje na Folha de São Paulo (só para assinantes Uol ou do jornal: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2503200813.htm ).
Esta é a notícia com o nome da UnB (o seu nome, leitor) que queremos ouvir e ler nos jornais do Brasil?
domingo, 23 de março de 2008
O MANIFESTO CRESCE EM ADESÕES
MANIFESTO
O primeiro semestre de 2008 se inicia e a Reitoria da UnB procura por todos os meios passar a idéia de um ambiente de normalidade. Longe disso, acreditamos que nossa instituição vive um dos momentos mais graves de sua história. Após o desgaste nacional irreversível da imagem do nosso Reitor, ligado a desvios na FINATEC, descobriram-se irregularidades também na Editora e outros órgãos ligados à Reitoria já estão na mira da justiça devido a razões similares. O uso indevido das fundações de apoio à pesquisa, o favorecimento pessoal, a mercantilização da atividade acadêmica e o clientelismo parece contaminar a tudo e a todos.
Circula pelo Brasil inteiro a idéia de que os professores da UnB perderam a vergonha ou a capacidade de reagir: assistiram ao seu Reitor justificar o injustificável e passaram a admitir o inadmissível. A partir do que ficou estampado na imprensa, para todo o país, a população começou a colocar-nos no rol dos políticos que absolvem figuras corruptas e desmoralizadas. Até o dia da assembléia da ADUnB (20 de fevereiro de 2008), que aprovou as atitudes do Reitor, a crise atual estava confinada à administração; depois disso, passou a ser de toda a comunidade acadêmica, como se fôssemos todos coniventes com o uso discricionário da coisa pública e a banalização das prioridades da universidade pública e gratuita.
Queremos deixar claro que a maioria dos 154 professores que absolveram o Reitor são pessoas que exercem cargos na administração e nos órgãos a ela diretamente vinculados ou que recebem ou receberam benefícios de projetos que dependem diretamente desta administração. Esse grupo propôs absolver a Reitoria invocando uma chantagem política maniqueísta elementar: se condenamos os desmandos cometidos estaremos fazendo o jogo dos nossos grandes inimigos – segundo eles, a Rede Globo, o Correio Braziliense, a Folha de São Paulo e os senadores da CPI, todos pressionando pela privatização da universidade pública. Nossa resposta é cristalina: não é com o estilo de gestão de Timothy Mulholland e Edgar Mamiya que defenderemos a universidade pública. Pelo contrário, devemos lutar contra as tentativas de desmonte da vida universitária pública tanto fora como dentro do campus. Por outro lado, é preocupante que o número de professores que estão se manifestando contra esse processo de declínio institucional seja ainda pequeno, comparado com o número total de docentes da UnB. Acreditamos que muitos que ainda não se pronunciaram, embora indignados, estão temerosos de algum tipo de retaliação. Afinal, esse recolhimento é resultado de um processo de desmonte dos mecanismos de participação e de autonomia que se iniciou há 10 anos. É penoso constatar que nossa universidade começa a distanciar-se perigosamente de seu digno passado de luta pela cidadania e pela democracia. E mesmo sua qualidade acadêmica periga: nos últimos 6 anos caíram os índices de vários cursos que antes eram de excelência e a administração procura abafar um assunto de tal gravidade com um forte investimento em publicidade institucional.
Vivemos um clima cotidiano de depressão e de intimidação. A mensagem subliminar que circula em todas as unidades, departamentos e centros é de que ou apoiamos politicamente a Reitoria ou nos expomos a retaliações, em geral manifestas pela indiferença e retardamento de atendimento dos pleitos acadêmicos, mesmo que sejam corretos e justos. Clientelismo aberto por um lado e punição velada por outro tem sido a linha adotada pela Reitoria nos últimos 10 anos. E foi a mistura desses dois princípios não democráticos – favorecimento privado e retaliação - que se evidenciou na última assembléia: os clientes compareceram ao chamado dos seus chefes e os não-clientes se retraíram, temerosos da punição anunciada pela truculência da tropa de choque da Reitoria.
O esvaziamento dos conselhos superiores é outro fato evidente do desmonte democrático da UnB. A decoração do apartamento do Reitor não passou pelo Conselho Universitário, órgão deliberativo máximo da instituição constituído por 60 membros, entre eles professores, estudantes e funcionários. Já o Conselho Diretor que aprovou o luxo escandaloso é presidido pelo Reitor e tem apenas 5 membros; um deles está lá há 12 anos e outro é um ex-Reitor de quem o atual foi chefe de gabinete. Na prática, esse Conselho funciona como uma ação entre amigos, esvaziado de transparência e impermeável à democracia representada pelos três segmentos da comunidade universitária.
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) também vem perdendo força progressiva: cursos novos são criados, concursos de professores são realizados, grandes convênios e projetos acadêmicos são firmados sem que o CEPE seja consultado. Ao invés de a comunidade acadêmica ouvir e deliberar, a Reitoria estabeleceu o sistema de negociações diretas com os institutos e as unidades. Somou-se a isso a negativa do Reitor em instituir uma Ouvidoria. Esse desmonte dos conselhos coloca os docentes em uma posição de grande vulnerabilidade que lembra os dias da ditadura militar: se a unidade escolher um representante de posições independentes, sofre sérios riscos de não ter seus pleitos atendidos.
Assim como o lugar ocupado pelo Grande Outro nos regimes totalitários, os nomes do Reitor e de seus enviados passam a ser invocados cada vez mais freqüentemente nas deliberações das unidades como lugar de referência e sentido em vez do nome dos conselhos apropriados. O resultado é uma pressão feroz nos colegiados por conformismo e adesão, o que leva uma grande parte dos docentes a concentrarem-se nos seus projetos individuais e se afastarem da participação na esfera pública acadêmica. Esse movimento de retração conduz inúmeras vezes a um estado depressivo, provavelmente generalizado neste momento na classe docente da UnB. Após 10 anos, esse sistema de intimidação velada começou a assumir uma aura de onipotência, como se a atual administração fosse um regime a eternizar-se na UnB.
O mesmo fenômeno que conduziu à quebra moral dos docentes (entre a retração temerosa e a cumplicidade sem ética) afetou também a categoria dos funcionários. Uma década de pressão para aderir politicamente à Reitoria em troca de pequenos favores certamente vem esfacelando a dignidade interna da categoria, fato agravado ainda mais pelo desestímulo devido à limitação de 15% na sua participação no processo eleitoral. Nós, docentes e servidores, teremos agora que lutar juntos para recuperar os nossos ideais de cidadania e mérito acadêmico.
A categoria dos estudantes é a nossa grande esperança neste momento. Apesar de desmobilizada no passado recente, é o único segmento que conseguiu evitar as pressões da Reitoria. Como no caso dos funcionários, não concordamos com os míseros 15% do total de votos a que estão condenados os estudantes da UnB.
Acreditamos que somente reverteremos este quadro se nos unirmos todos no debate aberto e criarmos coragem para nos apresentarmos com argumentos e fatos concretos em defesa da UnB. É hora de mudarmos essa situação que nos agride como docentes e cidadãos. O caminho do silêncio, da cumplicidade não revelada, dos acordos secretos, da retração individualista e depressiva é o caminho que conduziu ao atual desmonte institucional e à perda de rumos que nos envergonha nacionalmente.
Propomos uma mobilização intensa e coordenada dos três segmentos para não deixar este semestre começar sob o signo da mentira ou da covardia cúmplice da mentira. É preciso implementar mudanças urgentes para retomarmos a dignidade de nossa instituição em todos os planos – ético, acadêmico, de gestão institucional, de democracia e de justiça.
Algumas medidas que julgamos prioritárias
- Afastamento imediato do Reitor enquanto durar o processo legal de apuração dos desvios de gestão cometidos.
- Fim da reeleição para Reitor. Não é adequado para os ideais democráticos que uma mesma pessoa possa impor-se para controlar os destinos de toda a comunidade universitária por 16 anos seguidos (8 como Vice e 8 como Reitor).
- Retorno imediato à paridade nas eleições para Reitor. Os mecanismos atuais de desmonte do processo democrático e de generalização do clientelismo começaram a partir da eleição de
- Transparência inteira e irrestrita de todos os convênios, projetos, pagamentos a pessoas físicas e jurídicas e situação financeira detalhada de todos os órgãos da UnB: FUB, FINATEC, FUBRA, EDITORA, CESPE, DATA-UNB, ESTUDOS DO FUTURO, etc.
- Recuperar o CEPE e o CONSUNI como as instâncias decisórias máximas da universidade e restringir o poder excessivo e discricionário que foi concentrado no Conselho Diretor.
Princípios que sustentam nossa luta pelo resgate da UnB:
- A Reitoria deve aplicar-se primordialmente, através de um projeto acadêmico claro e explícito, à promoção e proteção da atividade fim da instituição: a transmissão e produção do conhecimento.
- As Ciências e as Humanidades do século XXI só podem prosperar em um ambiente plenamente democrático e de transparência, onde prevaleça o sentimento de que somos uma importante Casa do Saber de nossa cidade.
- O controle social da gestão de todos os órgãos que operam no campus é condição imprescindível para alcançar esses objetivos em benefício da nação.
*Assina este manifesto um coletivo autônomo de professores comprometidos com a UnB e abertos a adesões de colegas e aliados dos três segmentos, independente de afiliação sindical ou partidária.
Ademir E. Santana (FIS)
Cícero Lopes da Silva (FAV)
Deis Eleucy Siqueira (SOL)
Elder Rocha Lima Filho (VIS)
Elizabeth Talá (IB)
Elizabeth Tunes (FE)
Elyeser Sturm (VIS)
Francisco Pinheiro (CIC)
Francisco Ricardo Cunha (ENM)
Frederico Flósculo (FAU)
Glauco Falcão (FEF)
Gustavo L. Gilardoni (EST)
Hilan Bensusan (FIL)
Iara Brasileiro (IB)
Jorge Alberto Cordón Portilho (ODT)
José Alves Donizeth (IPOL)
Jose Jorge de Carvalho (DAN)
José Luiz Alves da Fontoura Rodrigues (FT)
Juliano Serra Barreto (IA)
Leda Barreiro (FE)
Liliane de Almeida Maia (MAT)
Luiz Carlos Galvão (FT)
Marcelo Hermes Lima (IB)
Michelangelo Trigueiro (SOL)
Mireya Suárez (DAN)
Miroslav Milovic (FIL)
Oswaldo Araújo (IG)
Perci Coelho de Souza (SER)
Raquel Moraes (PAD)
Regina Pedroza (PED-IP)
Renato Hilário (FE)
Rita Segato (DAN)
Roberto Francisco Bobenrieth Miserda (FT)
Rodrigo Dantas (FIL)
Sadi Dal Rosso (SOL)
Vadim Varsky (MUS)
Vanner Boere (IB)
Wanderson Flor (FIL)
Gastos irregulares na Funsaúde e Editora da UnB ?
Bom domingo de Páscoa
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"A suspeita é de desvio de recursos que deveriam ter sido usados na saúde dos índios. O diretor da Editora da UnB, Alexandre Lima, foi quem autorizou todos os gastos irregulares."
As crônicas da UnB oficial
A página principal da UnB - o Portal da UnB - é prodigiosamente mantida por um grupo de profissionais preocupados em divulgar uma imagem da Instituição. Lá podem ser lidas as crônicas mantidas por uma jovem e prodigiosa docente. Nas crônicas, a falta de um mínimo senso crítico, é preenchida por uma interpretação livre e idílica do dia-a-dia da UnB. Parece aquelas crônicas oficiais dos anos de chumbo, para quem os viveu, onde este "é um país que vai para a frente, oh, oh, oh..." .
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Vejam o que diz o blog Ciência Brasil:
A UnB e a sua agência de Propaganda, com P maiúsculo mesmo
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Uma carta dirigida a Profa. Juliany, está transcrita abaixo, por um dos primeiros signitários do Manifesto da UnB Livre:
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Prezada Profa. Juliany
Que belo entusiasmo são as suas crônicas! Que ufanismo! Eu diria até que existe um UnB-way of life! São um estímulo a todos nós, que calejados na luta, podemos acreditar em uma UnB maravilhosa, moderna, fraterna, feliz, harmônica e progressista. Oxalá a sua visão profética venha a se concretizar algum dia. Mas o céu não vem a nós, nós é que temos que merecê-lo. Para isso, é necessário que antes a UnB se democratize participativamente. Os prédios têm almas que os habitam, almas que choram a dor de um mundo injusto. Pelas escadas escorre a dor da injustiça, sangrada nos atos mais ignominiosos de alguns colegas. O luxo de alguns é a lâmina fria e atroz que corta as esperanças da maioria que nada tem a não ser a vontade férrea de fazer da utopia uma realidade. Eu acredito nos sonhos. Eu acredito nesta UnB que a sra. descreve. Mas a ciência não se baliza por crer, por crenças. A ciência tem métodos em que a verdade não é o que parece; a ciência é uma verdade provisória, qualitativa e quantitativamente mensurável. A sua UnB é descrita em crônicas apologéticas que não se baseiam no método científico. Eu gosto de ficção e por isso continuarei a ler com prazer as suas crônicas.
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A propósito, o que a sra. achou do manifesto que assinei com outros colegas? Não quer juntar-se a nós, sonhadores como a sra.?
http://www.unblivre.blogspot.com/
Cordialmente
Vanner
sexta-feira, 21 de março de 2008
Por um novo tempo na UnB (uma resposta)
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Estamos postando uma RESPOSTA a um texto da professora Dóris Faria, publicado hoje no Correio Braziliense, e reproduzido no blog cienciabrasil (veja aqui o texto).
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E não deixe de ler nosso Manifesto em Defesa da UnB.
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Por um novo tempo na UnB
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por Michelangelo Trigueiro
Coordenador da pós-graduação em sociologia da UnB
Quero comentar o texto da Prof.ª Dóris, publicado no blog Ciênciabrasil.
Para começar, devo dizer que estou impressionado com sua alquimia retórica. Primeiro, abusa, indevidamente, de metáforas, como “fractal” e “base genética” de criação da UnB, que não têm qualquer função em termos de fundamentação do que apresenta ao longo de sua discussão. Além disso, usa de números, indiscriminadamente, sem que sigam uma trilha de argumentação sólida. Apresenta-se num campo discursivo ausente, em que o mundo descrito por ela, de “interesses”, “ideologias” e “tendências” é apenas o mundo dos outros, dos que conspiram, que tramam, que querem denegrir, que ambicionam, enfim, um mundo menor, pequeno, de pequenas causas, comezinhas, triviais. Seu próprio mundo, ao contrário, se apresenta como o da grande construção, do grande e promissor cenário, da mudança de paradigma, em suma, da verdade e da ética, do comprometimento com o social e com as massas desassistidas, alijadas historicamente. É um mundo, o seu, apenas povoado por nobres gestos, compromissos éticos, desinteresse, devoção às causas justas..
O mundo dos outros é o dos elitistas, perdedores, vaidosos, egoístas, entreguistas, traidores e por aí vai. É incrível a ficção criada pela Professora Dóris, a respeito de si mesma e de seu próprio mundo. Por isso, a brincadeira neste blog, um “mundo maravilhoso”, que só existe na cabeça e na vontade da citada autora. Um mundo em negativo. Interesse só com os outros, ideologias só com os outros, vilania só com os outros... Esse é o discurso que a Prof.ª Dóris quer sugerir. Mas não resiste aos fatos. Por mais nobres e justos que sejam seus anseios (e tenho muitas razões para pensar o contrário), seu mundo não é diferente do nosso. É claro que em seu mundo e de seus aliados também há ideologias, interesses e ambições. É óbvio que são interesses e práticas políticas diferentes dos nossos. Refiro-me aos signatários do manifesto que pede a saída do reitor e a paridade nas eleições. Diferentemente dela, entendo que ambos os mundos são repletos de ideologias, interesses, alianças e mesmo retórica.
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O que proponho é, minimamente, uma abordagem mais simétrica. Ou seja, que se use dos mesmos critérios para construir o espaço de interlocução. Quanto ao mérito presumível do que tem discutido, tenho a dizer, inicialmente, que quando lhe escutei esbravejar na assembléia dos professores, e com ar circunspecto e grave ressaltar em uma entrevista “mudar...claro que a UnB precisa mudar...todas as instituições mudam...há muitas coisas para melhorar...mas mudar dentro da normalidade...não pode ser desse modo...com rupturas...”, não pude ficar sem questionar. Como assim, sem rupturas, dito justamente por alguém com um passado de lutas? A esse respeito, é preciso não esquecer que o Sr. Azevedo somente saiu da reitoria da UnB com muita pressão (de estudantes, sobretudo), num processo (para ele) muito “traumático”, com ruptura, é claro, da “ordem vigente”. E que a instauração do atual processo eleitoral em universidades públicas também se deu mediante ruptura na ordem vigente. Era, anteriormente, sistema paritário. Rupturas, como todos sabemos, produziram democracias, ordens republicanas, participação social. Por que razão a UnB estaria, agora, justo agora, em dramático momento, livre de rupturas?
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Que contexto é este que exclui rupturas para a vida político-institucional da UnB?
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A Universidade de Brasília, em que pese sua brilhante história, vive um de seus piores momentos, em termos de imagem pública. Nesse ponto, discordo totalmente do diagnóstico apresentado pela Dóris, com todos aqueles números.
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A realidade é bem outra: vagas foram abertas indiscriminadamente, sem um planejamento sério e bem consolidado, sem a garantia mínima de infra-estrutura, sem garantia de um projeto de qualidade minimamente defensável, que não estivesse apenas indicado em documentos e textos produzidos para “sensibilizar”. Não houve sequer uma demonstração prática, por parte da administração superior da UnB, de que as condições ATUAIS do campus do plano piloto – refiro-me às salas de aula, laboratórios, banheiros, instalações elétricas, equipamentos e todo um conjunto de condições de segurança, há muito reclamadas – seriam melhoradas. E continuam péssimas. Assim como as dos novos campi. Ou seja, abrindo vagas, sem responsabilidade, mais parecendo a farra da Encol, que resultou no que todos nós sabemos. Foram expandindo, expandindo, expandindo e ... explodiram, infelizmente, levando junto milhares de sonhos de casa própria. Minha preocupação, Dóris, não é com a expansão de vagas no ensino superior. Esta precisa ocorrer, mas dentro de um adequado planejamento, garantidas as condições básicas, sempre mantida a preocupação com a qualidade, em ações práticas voltadas a esse objetivo. Não pode ser apenas para produzir estatísticas, como você o faz. Estatística, por si só, não produz qualidade acadêmica. Aliás, temos perdido muito em vários indicadores da pós-graduação. Isso é evidente. São fatos, e não invenções de uns poucos interessados em eleições. Você sabe disso.
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Ademais, há visões diferenciadas a respeito de qual seja a missão da UnB, no que concerne à pesquisa, ao ensino e à extensão. Entendo que muito das iniciativas que a atual administração vem desenvolvendo em termos de expansão de vagas deveria caber à Universidade do Distrito Federal, sob a responsabilidade do Governo Distrital. Mesmo que minha posição seja minoritária, a esse respeito, precisaríamos ter aprofundado esse debate, nos conselhos superiores. E não feito “a toque de caixa”, no ritmo em que foram. Nosso compromisso não pode ser apenas com uma gestão, mas com o futuro da instituição, sua vocação e seu papel no Distrito Federal e no país. Não desmereça esse meu discurso, tentando me desqualificar. Essa tem sido sua prática e é nefasta para a cultura universitária. Muitas vezes, seu discurso, com ares populistas, e de fácil apelo, é muito próximo daqueles levado adiante em ambientes antidemocráticos, no nazismo, no fascismo e em outros sistemas, em que o que contava era a propaganda e a desqualificação do interlocutor. Vamos discutir objetivamente, e sem esse papo de eleições. Elas estão longe e qualquer um tem o direito de postular, legitimamente.
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Aliás, seríamos nós meros aliciadores de estudantes, como Sócrates, obrigados a tomar sicuta? A história já não teria nos ensinado o bastante, em meio a tantos glutões? O que dizer sobre o que menciona a respeito da autonomia dos movimentos, das inúmeras ligações telefônicas que eram feitas a estudantes e a suas lideranças, questionando-os sobre eventual apoio, na última campanha, a uma chapa que não era da simpatia da reitoria? Eles me contavam das pressões. E ainda hoje existem. Há muitos e muitos colegas e técnicos com medo de falar abertamente. Isso é democracia? Isso é respeito à autonomia dos movimentos? E o que dizer da quantidade enorme de dinheiro que rolou na última campanha, favorecendo o grupo vencedor, e ainda alimentando o mesmo esquema? Não são denúncias vagas apresentadas na imprensa. Temos o nosso próprio critério de avaliação. Não há um mundo que conspira contra o seu projeto e o do reitor. Quanto às condições de nossa democracia interna, já não vêm sendo respeitadas, desde as últimas eleições, pelo menos. A aparência foi democrática; a realidade foi outra. Dinheiro contou, não idéias; poder de aliciamento e constrangimento foram usados intensivamente, para vencer e criar essa mística de apoio maciço.
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Enfim, gostaria de lhe perguntar: quais os fundamentos teóricos ou conceituais para manter as eleições nos níveis de proporção em que estão? Se o seu projeto é inclusivo, por que não incluir massas de estudantes, nas eleições para reitor? Não estaremos votando sobre um currículo, sua estrutura, sobre questões de fundo. Estaremos votando sobre quem vai nos dirigir. O modo atual de eleição, que foi um golpe para estudantes e funcionários, apenas cria a mística democrática, sob o disfarce da autoridade acadêmica. Muito do tempo gasto pela administração superior da UnB, atualmente, tem sido para se defender de sérias denúncias da mídia, feitas por pessoas corretas, preocupadas com a apropriação privada dos recursos públicos, que o sistema eleitoral atual alimenta e reforça. Por esta razão sou a favor da paridade.
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Quero trabalhar para mudar essa concentração de poder, mal utilizada. Entendo que é injusto que 30 mil estudantes fiquem comprimidos em meros 15% dos votos. O que acha a esse respeito? É claro que mexer nas regras significa mexer no modo como o poder que vocês consolidaram foi estabelecido. Mas, se vivêssemos em outro país, em que as regras institucionais fossem menos passíveis de manipulação e apropriação privada (na linha do que Raimundo Faoro chamara o estado patrimonialista), talvez o encaminhamento do debate fosse noutro sentido. Assim, proponho um arejamento substancial do poder político-instucional na UnB. Uma completa renovação ética, em sua prática, e um aprimoramento dos mecanismos democráticos e do mérito acadêmico, em que o dinheiro não seja o critério decisivo, e o medo seja definitivamente banido de nosso meio. Aí, sim, poderemos falar na verdadeira revitalização do projeto original de Darcy Ribeiro. O resto parece-me bravata, retórica vazia. E que o Poder público continue sua heróica batalha em prol da defesa de nossa instituição.
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Post produzido por Michelangelo Trigueiro
quinta-feira, 20 de março de 2008
A UnB "pega fogo", enquanto isso...
Em primeiro lugar, lhe damos as boas-vindas para o ano letivo de 2008. Para quem chega pela primeira vez, e também para quem já conhece, o início do semestre anuncia um novo horizonte, cheio de esperanças e expectativas. (...)
É bom você saber que nossa instituição vem sendo atacada periodicamente em parte da mídia há muitos anos. A UnB incomoda alguns setores que se opõem ao nosso fortalecimento, como de resto ao da universidade pública, gratuita e de qualidade. Mas as acusações vêm caindo por terra e a UnB segue incólume e resoluta em seu caminho rumo à construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Ultimamente fomos atacados, em conexão com a fundação Finatec, com base em informações parciais e distorcidas. A UnB mobiliou um imóvel da própria Universidade para servir de residência de representação para seus reitores. O imóvel e tudo que se adquiriu pertencem à UnB. Os recursos foram oriundos de taxas devidas à UnB por aquela fundação. Tratou-se de uma operação legal e de rotina (*) entre as duas instituições. Não foram afetados os recursos para pesquisas, obras, etc, que bateram recordes o ano passado.
Você é UnB. Faça parte dessa história."
Timothy Mulholland - reitor da UnB
Fonte: Informe UnB - março de 2008 (ano 1, nº 1, página 4)
domingo, 16 de março de 2008
Cinco signatários do Manifesto
Na foto, de pé, os professores José Jorge, Francisco Pinheiro, Michelangelo e Rodrigo Dantas. O Prof Marcelo está agachado. Todos muito felizes (clicar na foto para ampliar)
Naquele dia, a Profa. Rita estava na Argentina. O Prof. Vanner estava dando aula, e o Prof. Vadim, regendo um grupo de música.
terça-feira, 11 de março de 2008
Manifesto em Defesa da UnB
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Circula pelo Brasil inteiro a idéia de que os professores da UnB perderam a vergonha ou a capacidade de reagir: assistiram ao seu Reitor justificar o injustificável e passaram a admitir o inadmissível. A partir do que ficou estampado na imprensa, para todo o país, a população começou a colocar-nos no rol dos políticos que absolvem figuras corruptas e desmoralizadas. Até o dia da assembléia da ADUnB (20 de fevereiro de 2008), que aprovou as atitudes do Reitor, a crise atual estava confinada à administração; depois disso, passou a ser de toda a comunidade acadêmica, como se fôssemos todos coniventes com o uso discricionário da coisa pública e a banalização das prioridades da universidade pública e gratuita.
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Queremos deixar claro que a maioria dos 154 professores que absolveram o Reitor são pessoas que exercem cargos na administração e nos órgãos a ela diretamente vinculados ou que recebem ou receberam benefícios de projetos que dependem diretamente desta administração. Esse grupo propôs absolver a Reitoria invocando uma chantagem política maniqueísta elementar: se condenamos os desmandos cometidos estaremos fazendo o jogo dos nossos grandes inimigos – segundo eles, a Rede Globo, Correio Braziliense, Folha de São Paulo e os senadores da CPI, todos pressionando pela privatização da universidade pública. Nossa resposta é cristalina: não é com o estilo de gestão de Timothy Mulholland e Edgar Mamiya que defenderemos a universidade pública. Pelo contrário, devemos lutar contra as tentativas de desmonte da vida universitária pública tanto fora como dentro do campus.
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Por outro lado, é preocupante que o número de professores que estão se manifestando contra esse processo de declínio institucional seja ainda pequeno, comparado com o número total de docentes da UnB. Acreditamos que muitos que ainda não se pronunciaram, embora indignados, estão temerosos de algum tipo de retaliação. Afinal, esse recolhimento é resultado de um processo de desmonte dos mecanismos de participação e de autonomia que se iniciou há 10 anos. É penoso constatar que nossa universidade começa a distanciar-se perigosamente de seu digno passado de luta pela cidadania e pela democracia. E mesmo sua qualidade acadêmica periga: nos últimos 6 anos caíram os índices de vários cursos que antes eram de excelência e a administração procura abafar um assunto de tal gravidade com um forte investimento em publicidade institucional.
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Vivemos um clima cotidiano de depressão e de intimidação. A mensagem subliminar que circula em todas as unidades, departamentos e centros é de que ou apoiamos politicamente a Reitoria ou nos expomos a retaliações, em geral manifestas pela indiferença e retardamento de atendimento dos pleitos acadêmicos, mesmo que sejam corretos e justos. Clientelismo aberto por um lado e punição velada por outro tem sido a linha adotada pela Reitoria nos últimos 10 anos. E foi a mistura desses dois princípios não democráticos – favorecimento privado e retaliação - que se evidenciou na última assembléia: os clientes compareceram ao chamado dos seus chefes e os não-clientes se retraíram, temerosos da punição anunciada pela truculência da tropa de choque da Reitoria.
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O esvaziamento dos conselhos superiores é outro fato evidente do desmonte democrático da UnB. A decoração do apartamento do Reitor não passou pelo Conselho Universitário, órgão deliberativo máximo da instituição constituído por 60 membros, entre eles professores, estudantes e funcionários. Já o Conselho Diretor que aprovou o luxo escandaloso é presidido pelo Reitor e tem apenas 5 membros; um deles está lá há 12 anos e outro é um ex-Reitor de quem o atual foi chefe de gabinete. Na prática, esse Conselho funciona como uma ação entre amigos, esvaziado de transparência e impermeável à democracia representada pelos três segmentos da comunidade universitária.
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O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) também vem perdendo força progressiva: cursos novos são criados, concursos de professores são realizados, grandes convênios e projetos acadêmicos são firmados sem que o CEPE seja consultado. Ao invés de a comunidade acadêmica ouvir e deliberar, a Reitoria estabeleceu o sistema de negociações diretas com os institutos e as unidades. Somou-se a isso a negativa do Reitor em instituir uma Ouvidoria. Esse desmonte dos conselhos coloca os docentes em uma posição de grande vulnerabilidade que lembra os dias da ditadura militar: se a unidade escolher um representante de posições independentes, sofre sérios riscos de não ter seus pleitos atendidos.
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Assim como o lugar ocupado pelo Grande Outro nos regimes totalitários, os nomes do Reitor e de seus enviados passam a ser invocados cada vez mais freqüentemente nas deliberações das unidades como lugar de referência e sentido em vez do nome dos conselhos apropriados. O resultado é uma pressão feroz nos colegiados por conformismo e adesão, o que leva uma grande parte dos docentes a concentrarem-se nos seus projetos individuais e se afastarem da participação na esfera pública acadêmica. Esse movimento de retração conduz inúmeras vezes a um estado depressivo, provavelmente generalizado neste momento na classe docente da UnB. Após 10 anos, esse sistema de intimidação velada começou a assumir uma aura de onipotência, como se a atual administração fosse um regime a eternizar-se na UnB.
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O mesmo fenômeno que conduziu à quebra moral dos docentes (entre a retração temerosa e a cumplicidade sem ética) afetou também a categoria dos funcionários. Uma década de pressão para aderir politicamente à Reitoria em troca de pequenos favores certamente vem esfacelando a dignidade interna da categoria, fato agravado ainda mais pelo desestímulo devido à limitação de 15% na sua participação no processo eleitoral. Nós, docentes e servidores, teremos agora que lutar juntos para recuperar os nossos ideais de cidadania e mérito acadêmico.
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A categoria dos estudantes é a nossa grande esperança neste momento. Apesar de desmobilizada no passado recente, é o único segmento que conseguiu evitar as pressões da Reitoria. Como no caso dos funcionários, não concordamos com os míseros 15% do total de votos a que estão condenados os estudantes da UnB.
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Acreditamos que somente reverteremos este quadro se nos unirmos todos no debate aberto e criarmos coragem para nos apresentarmos com argumentos e fatos concretos em defesa da UnB. É hora de mudarmos essa situação que nos agride como docentes e cidadãos. O caminho do silêncio, da cumplicidade não revelada, dos acordos secretos, da retração individualista e depressiva é o caminho que conduziu ao atual desmonte institucional e à perda de rumos que nos envergonha nacionalmente.
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Propomos uma mobilização intensa e coordenada dos três segmentos para não deixar este semestre começar sob o signo da mentira ou da covardia, cúmplice da mentira. É preciso implementar mudanças urgentes para retomarmos a dignidade de nossa instituição em todos os planos – ético, acadêmico, de gestão institucional, de democracia e de justiça.
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Algumas medidas que julgamos prioritárias
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- Afastamento imediato do Reitor enquanto durar o processo legal de apuração dos desvios de gestão cometidos.
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- Fim da reeleição para Reitor. Não é adequado para os ideais democráticos que uma mesma pessoa possa impor-se para controlar os destinos de toda a comunidade universitária por 16 anos seguidos (8 como Vice e 8 como Reitor).
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- Retorno imediato à paridade nas eleições para Reitor. Os mecanismos atuais de desmonte do processo democrático e de generalização do clientelismo começaram a partir da eleição de 1997, a primeira na proporção 70-15-15. Essa concentração do poder decisório nos professores desestimulou inteiramente os estudantes e os funcionários a participar mais efetivamente do processo eleitoral e permitiu à Reitoria concentrar sua estratégia de poder na submissão da mente dos docentes em troca de pequenos benefícios individuais ou de pequenos grupos. É importante lembrar que na grande maioria das universidades brasileiras a eleição é paritária, na proporção 1/3, 1/3, 1/3.
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- Transparência inteira e irrestrita de todos os convênios, projetos, pagamentos a pessoas físicas e jurídicas e situação financeira detalhada de todos os órgãos da UnB: FUB, FINATEC, FUBRA, Editora-UnB, CESPE, DATA-UnB, Laboratório de Estudos do Futuro, etc.
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- Recuperar o CEPE e o CONSUNI como as instâncias decisórias máximas da universidade e restringir o poder excessivo e discricionário que foi concentrado no Conselho Diretor.
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Princípios que sustentam nossa luta pelo resgate da UnB:
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- A Reitoria deve aplicar-se primordialmente, através de um projeto acadêmico claro e explícito, à promoção e proteção da atividade fim da instituição: a transmissão e produção do conhecimento.
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- As Ciências e as Humanidades do século XXI só podem prosperar em um ambiente plenamente democrático e de transparência, onde prevaleça o sentimento que somos uma importante Casa do Saber de nossa cidade.
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- O controle social da gestão de todos os órgãos que operam no campus é condição imprescindível para alcançar esses objetivos em benefício da nação.
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Assina este manifesto um coletivo autônomo de professores comprometidos com a UnB e abertos a adesões de colegas e aliados dos três segmentos (estudantes, funcionarios, docentes), independente de afiliação sindical ou partidária.
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Francisco Pinheiro (CIC),
José Jorge de Carvalho (DAN),
Marcelo Hermes-Lima (IB),
Michelangelo Trigueiro (SOL),
Rita Laura Segato (DAN),
Rodrigo Dantas (FIL),
Vanner Boere Sousa (IB),
Vadim Varsky (MUS)
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Para aderir a nossa causa basta nos enviar mensagem para unblivre@gmail.com com seu nome completo e dados profissionais/estudantis.
As manifestações de apôio estão abertas aos cidadãos e cidadãs do bem de Brasília (que de uma forma ou de outra usufruem da UnB) e da comunidade científica nacional.